Saudade

Posted by Carol Riff On 4.11.13 0 comentários
Ainda é cedo amor, mal começastes a conhecer a vida...

Hey, minha velha, um ano passa rápido né?

O tempo voa mas a saudade se arrasta de forma dolorosa.
Se arrasta e se esconde, só pra voltar naqueles momentos em que detalhes não tão pequenos assim aparecem. E volta com força, corrói e não há nada o que se possa fazer. Pessoas boas vão embora o tempo todo mas a teoria é sempre mais bonita que a perfeição. A dor do outro é sempre mais fácil e não há hipocrisia em dizer que nenhum de nós quer sofrer mas que todos nós amamos. E quando se ama, há que se sentir saudade e sofrer.

Há que se sentir falta de coisas pequenas que na verdade eram enormes, que querer voltar à certos momentos que não voltam mais. Há que se ouvir uma música e sentir a presença daquela pessoa amada que não necessariamente era perfeita, mas que fez o seu melhor ou o que julgou ser.

Toda vez que eu ouço o samba do Cartola, vó, eu sinto sua falta. Sei lá porque, mas eu sinto a sua falta. Eu sinto falta da sua voz, das suas manias que me irritavam tanto, do Silvio Santos no Domingo a noite, das conversas da madrugada. Eu sinto falta do seu feijão maravilhoso, de jogar baralho com você, de ouvir você brigando com o Guma com vários nomes diferentes. Eu sinto falta do barulho da sua pulseira, da sua presença.

eu sinto sua falta, imensamente.

E o mais engraçado é que a ficha parece que não caiu ao mesmo tempo que caiu. Parece que você ainda tá viajando e que vai voltar a qualquer momento, mas não é verdade. Parece que foi ontem que tudo aconteceu e que não foi há um ano atrás.

As coisas mudaram, vó, a gente continua brigando porque a vida é difícil, e hoje eu durmo na sua cama. Eu olho pro meu quarto e lembro de você, eu olho pra qualquer lugar e lembro do seu "Você é louca! Mas é muito bom, né?" quando eu saí e só voltei de manhã. Eu lembro das suas objeções, das nossas brigas e das nossas desavenças. Lembro de você trocando de canal na hora do penalti pra não ver o Flamengo fazer gol e lembro de você batendo palma porque não podia gritar.

são coisas que eu não vou esquecer.

Eu lembro, e mesmo que eu não tenha sido a melhor neta do mundo, eu só quero que a senhora saiba, aonde quer que esteja que eu te amo, minha véinha cheia das manias e manhas. E eu sinto a sua falta, realmente sinto.

Obrigada por tudo e fica com Deus, vó.
Eu te amo, véinha. 

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