Estrelas

Posted by Carol Riff On 7.9.12 0 comentários
Talvez eu esteja sendo dramática mas como sempre, minhas emoções passeiam em minha pele, alma e coração, e terminam traduzidas em minhas singelas palavras que, humildes se unem para tentar explicar algo que eu mesma não sou capaz de entender.

É nas folhas de um caderno que retomo minha paz, é nos sentimentos tomando forma e no barulho gostoso da caneta riscando o papel que encontro minha melodia favorita. Excêntrica e única.


É chorando e temendo que encontro minha coragem, que vem lá do fundo, como uma luz irrompendo por dentro de uma densa escuridão. É depois de minha própria tormenta, em minha calmaria, que encontro meu lado forte, guardado sempre dentro do pequeno lado frágil. É da minha natureza cair e me levantar, não desistir e sempre ir a frente.

É da minha natureza também, ser inocente, colorir o mundo de boas intenções que às vezes são feitas dos mais densos tons de cinza, faz ´parte de mim chorar minhas lágrimas e as dos outros,  gritar muda sem nem perceber.

Hoje gritei, em um total silêncio, para mim mesma de medo, puro e simples. Gritei em minha alma, em meu âmago, naquele pedacinho perdido que fica a deriva. Gritei para que só eu pudesse ouvir e talvez tenha me escondido dentro de mim mesma, até que uma mão foi estendida.

E o calor reconfortante de um ombro amigo se fez sentir, mesmo que em um sentido dolorosamente figurado. Como em um amanhecer, belo e desafiador, que marca o começo de um novo dia e a tomadas de novos rumos, senti-me crescer em meu interior. O calor se estendendo por todos os lados e me tornando gigante.


Gigante o suficiente para resgatar minha coragem, que julguei ter perdido, e para sorrir mesmo estando diante de um grande desafio capaz de me fazer tremer. Me armarei e me prepararei, sendo ciente de meu medo e estando preparada para enfrentá-lo de peito aberto, para cair, levantar, sorrir e chorar.

E então poder ver quem sabe, um céu cheio de estrelas após um longo dia difícil.
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Cinzas

Posted by Carol Riff On 6.8.12 1 comentários
          Rabiscou o papel sem muito interesse bufando em seguida. O café fumegante sobre a mesa, ao alcance de suas mãos pálidas enquanto a chuva batia forte em sua janela. No papel o começo de um desenho, um rosto sem expressão nenhuma emoldurado por cabelos longos e escuros que ela simplesmente não conseguia terminar. Podia chorar de frustração, fazia tanto tempo assim desde que fazia aquilo?

          Pensou nos últimos meses e pensou também no quanto estava cansada, no quanto sua vida havia se tornado difícil. Quem tivera a brilhante idéia de mascarar o lado mais feio da vida e só mostrá-lo agora? Sentia-se tão fraca e cansada que às vezes tinha vontade de sentar e chorar, mas sabia que não podia. Havia passado da época de chorar por qualquer coisa, os anos haviam passado e ela agora era uma mulher adulta. Adultos deveriam enfrentar seus problemas de frente não?

Porque raios parecia tão difícil?

          Fitou novamente o rosto sem expressão se lembrando de seus últimos desenhos antes de sua vida se tornar um caos. Eram todos sorridentes e tinham olhos brilhantes e esperançosos. Porque simplesmente não podia resgatá-los? Aonde seus sorrisos haviam se perdido? Quando respirar havia se tornado tão complicado e exaustivo? Quando havia se tornado tão amarga? Não sabia ao certo precisar, só sabia que estava insuportável, ao ponto de não aturar a si mesma.

          Largou o lápis com raiva e deitou-se brevemente sobre a mesa, as pálpebras pesando e se fechando lentamente. Sem perceber acabou dormindo...
Acordou com os raios de sol incomodando-a e resmungou qualquer coisa, extremamente irritada, esquecera a porcaria da cortina aberta! Abriu os olhos e se ergueu, assustando-se em seguida quando percebeu que não estava mais em sua sala monocromática, mas sim em um campo aberto com flores tão amarelas que seriam capazes de ofuscar-lhe a vista. O que havia acontecido? Moveu-se incerta notando que seus pés estavam descalços e o cabelo antes preso solto, balançando ao sabor do vento bem como o vestido branco que usava.

          Caminhou por um bom tempo, imersa na sensação de paz que aquele lugar lhe trazia. As flores dançando levemente junto a brisa e em um dado momento ela pôde jurar que uma música havia começado a tocar, vinda sabe-se lá de onde. Não era possível determinar, apenas ouvir. Fechou os olhos por alguns segundos, sentindo cada acorde da melodia entrar em si e tocar o ponto mais fundo de seu ser. Sorriu abertamente e assim ficou até sentir um toque gelado em seu pulso abrindo os olhos rapidamente devido ao susto acabando por assustar a pessoa que lhe tocara.

          A menina virou-se e apenas saiu correndo e ela sem pensar muito saiu em seu encalço, seguindo o rastro que os cabelos cor de ébano deixavam conforme a garota se mexia, procurando sumir entre todas aquelas flores. Queria gritar-lhe para parar de correr, mas por algum motivo sua voz não saía então apenas continuou correndo, notando que conforme se afastavam, as flores se tornavam menos amarelas e as cores pareciam sumir gradativamente.

          Demorou um tempo para que ela finalmente parasse de correr, as cores agora haviam sumido e o lugar parecia estranhamente silencioso, tanto que dava até agonia. A garota apenas apontou e seus olhos rapidamente seguiram a direção se arregalando com o que viram. Ali, no meio de todo aquele cinza, havia apenas um ponto colorido. Uma pequena flor amarela quase murcha que parecia lutar para sobreviver.

          Sem perguntar nada se aproximou, agachando-se do lado da flor e sentindo um estranho aperto no coração quase uma tristeza. Virou-se na direção da garota e se assustou novamente quando esta se abaixou ao seu lado, o cabelo cobrindo-lhe a expressão enquanto os dedos finos tocavam a flor tão frágil que parecia prestes a quebrar. Sentiu-se triste por ela e tocou de leve o ombro, vendo-a se assustar erguer a cabeça em sua direção. Subitamente sentiu seus olhos arderem e os coçou, vendo a menina se transformar em um grande borrão.

          “Está lutando bravamente para não ceder, mas ainda mantém sua luz...” –A voz soou baixa em seus ouvidos, como um sussurro e arrepiou todos os pelos de seu corpo. Quando abriu os olhos de novo suprimiu um grito de susto. A menina estava parada a sua frente e os olhos negros tão iguais aos seus estavam vidrados nos seus enquanto um sorriso travesso brincava em sua face. “Cuide bem de mim...” e em seguida tudo se transformou em um grande clarão.

          Acordou num sobressalto, derrubando todos os papéis que estavam sobre a mesa. Respirava ofegante, ainda afetada pelo sonho. Buscou os papéis no chão, remexendo-os freneticamente até encontrar seu último desenho incompleto, ainda sem nenhuma expressão. Fitou-os por alguns segundos e logo recomeçou a rabiscar mordendo a língua de leve enquanto deixava o grafite sujar o papel.


         Quando finalmente acabou, um sorriso travesso brincava em seu rosto. A menina agora tinha uma expressão, nem triste tampouco alegre demais. No rosto dela havia um sorriso tranqüilo enquanto seus olhos passavam determinação e até certo cansaço, assim como a expressão de que alguém que luta, mas se recusa a desistir, crendo que tudo dará no certo no final.

          A vida podia ser difícil e cruel na maioria das vezes, cansando-a e ofuscando sua luz e sua inocência, mas ela sabia ah se sabia, não iria deixar ambas morrerem por mais complicado que fosse de cuidar. Por mais árdua que a vida fosse, jamais deixaria que ela vencesse porque aquele era um jogo para dois e ela podia não ser a melhor jogadora, mas certamente era aquela que não desistia.
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A dor da impotência.

Posted by Carol Riff On 18.5.12 0 comentários
Impotência é uma palavra irritante. Denota falta de movimento, incapacidade e faz com que eu me sinta só um pedaço de ossos e músculos inúteis. E impotente é como eu me sinto agora, com vontade de ajudar uma pessoa que eu gosto muito mas sem no entanto poder fazê-lo. Assim como essa pessoa é impotente em trazer de volta alguém precioso que perdeu.

Me contorço de vontade de gritar o quanto certas coisas são injustas mas todos sabemos que a vida é uma caixinha de surpresas. O único problema é que essas "surpresas" não são que nem as que nós tínhamos quando éramos crianças, quando nossos pais chegavam com um brinquedo novo não planejado... Não, certamente não são, as vezes, elas são como uma grande bomba atômica, daquelas que deixam um cogumelo de fumaça no céu.

Uma grande bomba de merda. 

E que na maioria das vezes não se pode impedir. Um grande colapso avassalador que sai destruindo tudo que encontra em seu caminho. E novamente nos vemos impotentes diante de toda a destruição... É difícil e amargo mas é algo que temos que aceitar, porque a vida é injusta e nossas lágrimas ainda vão cair por muitos motivos diferentes.

Que bom que existem os amigos né?

Não me importo se isso aí de cima ficou confuso, a questão é que isso é mais um desabafo diante de uma notícia que me choca e mata uma parte de um grande amigo meu, sendo algo que ninguém pode impedir ou mudar. Tudo que eu mais queria era poder abraçar essa pessoa, mas ela está longe então só posso rezar com todo meu coração para que essa dor que ele está sentindo agora diminua até que só restem coisas boas para se lembrar.

Força Matheus...R.I.P Estrela ~ Mais uma que surge no céu. Um bichinho adorável que eu nem conheci, mas que certamente marcou todos que conviveram com ela.
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Colcha de memórias.

Posted by Carol Riff On 28.4.12 0 comentários
                   Às vezes, em momentos um tanto inusitados, me perco em devaneios sobre a vida, sobre quem eu fui, sou e ainda serei. Pois afinal, o que sou eu senão uma grande colcha de retalhos, costurada ao longo dos anos de forma única, uma junção de muitas estampas, uma coleção de muitas memórias boas e ruins que tornam minha existência bela e rara, além de única.

                   Não peco ao dizer que se olhar tudo pelo qual já passei, saberá quem eu sou e também não peco ao falar que muitas dessas memórias que fazem parte de mim, zarparam no barco da minha vida sem qualquer permissão.

                   Há muitas dores que eu, por vezes, quero arrancar de mim, mas quando penso melhor, vejo que por mais lacerantes que estas sejam, serão sempre uma fonte de grande aprendizado. Pois não vivem dizendo que a vida nunca te dá um peso maior do que aquele que você consegue suportar?

                   E novamente, mesmo que tenham me trazido algum dissabor, elas continuam sendo partes lindas da minha colcha de retalhos, bem como partes de mim, da minha vida e da minha alma, que juntas formam uma história ímpar a qual eu escrevo na medida do possível.

Uma vez que a maioria dos textos tende a criar vida própria.

                   Uma linda história, sobre uma pequena criatura que não sabe nada da vida e sua inseparável companheira.

Sua brilhante e valiosa colcha de memórias.
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My heart is not broken.

Posted by Carol Riff On 27.4.12 0 comentários

            A menina entrou na sala e fechou a porta com força, a respiração ofegante de alguém que havia corrido por uns bons minutos. Encostou-se a porta, deixando o corpo escorregar por esta mesma até que estivesse no chão. Respirou fundo, tirando os óculos de armação negra e larga do rosto, a mão tremendo sofrivelmente e as lágrimas que tanto segurara finalmente transbordando.

            Suprimiu os soluços dolorosos que tentavam irromper de sua garganta, não choraria daquela forma, pensou. Não daria a ele exatamente o que ele queria. Podia estar quebrada e magoada, mas seu orgulho se tornaria o pilar substituto que ficara após a demolição de sua confiança.

            As palavras cruéis do outro ainda ecoando em sua cabeça como uma canção macabra, as risadas dos amigos dele e o deboche estampado em seus rosto marcado a ferro em sua memória. Nunca havia se sentido tão pequena e boba, tão idiota e insignificante! Apertou a saia com força, a raiva por conta da humilhação tomando conta de si de forma avassaladora. Berrou alto, sabendo que ninguém ia lhe ouvir, por conta do isolamento acústico que a sala tinha.

            Ergueu-se, ainda sentindo suas pernas tremerem um pouco. No rosto, o rastro do lápis preto que colocara de manhã apenas para parecer mais bonita. Fitou-se no espelho do local, os olhos vermelhos, a maquiagem borrada e a boca inchada. Sorriu amargamente diante da própria aparência, mas não se ateve ao fato, desviando seu olhar para o piano negro que a sala continha.

            Caminhou a passos lentos até o mesmo, os dedos escorregando delicadamente por cada tecla, enquanto um meio sorriso surgia em seus lábios. Sentou-se diante do mesmo, tocando uma das teclas e apreciando o som que lhe trazia um pouco de paz. Fechou os olhos, enquanto os dedos pareciam ganhar vida e passear por conta própria sobre as teclas do piano tecendo uma melodia calma e melancólica.

            Lembrou-se dos últimos acontecimentos, a música se tornando mais forte, mais agoniada, as teclas pressionadas com ainda mais força. Os dedos se movendo habilmente, preenchendo a sala do som que trazia uma aquarela de significados. Jogou a cabeça para trás, o ritmo guiando seu corpo e confortando sua alma, um sorriso doce e calmo nascendo em seus lábios.

            Imersa na melodia, nem sequer ouviu quando a porta da sala foi aberta de supetão, fazendo um alto barulho. O menino parou diante do piano, igualmente ofegante, sorrindo ao notar a expressão serena no rosto da menina. Puxou uma cadeira e assim ficou, admirando o quanto ela era bela daquela forma, o quanto ela parecia forte e confiante enquanto estava atrás daquele piano!

            Quando a música finalmente findou, se entreolharam, não precisando das palavras para entenderem tudo que havia acontecido. E ali mesmo, sem nem proferir nada, firmaram uma promessa, enlaçando os dedos mindinhos com sorrisos calmos.

            Quando o grande dia finalmente chegou, ela não podia estar mais nervosa, as mãos tremendo e a voz ameaçando falhar, mas ele, como sempre, estava ali para lhe tranqüilizar. Disse-lhe palavras de conforto e lembrou-lhe de quanto trabalho haviam tido para chegar ali, afirmando sempre que não iam desistir. Ela assentiu, sentindo um arrepio quando seu nome foi chamado.

            Subiu ao palco, o vestido azul claro com alguns brilhantes reluzindo às luzes do palco. Passou os olhos pela platéia por um momento só, notando o mesmo olhar debochado de antes, mas encontrando logo em seguida o olhar cálido daquele que estivera sempre com ela. Que a impedira de cair no abismo, segurando firme sua mão.

            Respirou fundo quando as luzes se apagaram e deixou os dedos deslizarem pelas teclas brancas. Sorriu e fechou os olhos, perdendo-se no ritmo que ela mesma criou, enquanto sua voz ganhava espaço, abrindo as bocas de muitos que a assistiam, inclusive as dele. Abstraiu todo o universo a sua volta, cantando com seu coração e alma, lembrando de tudo que acontecera, de tudo pelo que lutara e de tudo pelo que passara.

Aquele era seu momento.

            Terminou a música apenas com sua voz, ouvindo a chuva de aplausos que caiu sobre ela assim que luz novamente se apagou. Levantou-se, a emoção tomando conta de si e as lágrimas querendo novamente sair. Reprimiu-as, não querendo borrar sua maquiagem e apenas fez uma reverência, sentindo sua alma lavada ao olhar o rosto tão conhecido agora com um olhar extremamente incrédulo, de alguém que não acreditava no que tinha visto e de que se arrependera do que tinha feito.
Sorriu abertamente para ele, piscando levemente para o menino do sorriso gentil que se encontrava atrás de suas cortinas, murmurando um agradecimento repleto de emoção.

Ali, naquele momento ao som dos aplausos, não mais se sentia pequena e insignificante. Ali as palavras cruéis e o deboche se tornavam ínfimos demais para serem notados e o pilar de sua confiança era finalmente restaurado, feito de um material tão forte e resistente que nada seria capaz de quebrá-lo novamente.

Ali, seu coração quebrado, finalmente voltava a ser inteiro.
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