Às vezes, em momentos um tanto inusitados, me perco em devaneios sobre a vida, sobre quem eu fui, sou e ainda serei. Pois afinal, o que sou eu senão uma grande colcha de retalhos, costurada ao longo dos anos de forma única, uma junção de muitas estampas, uma coleção de muitas memórias boas e ruins que tornam minha existência bela e rara, além de única.
Não peco ao dizer que se olhar tudo pelo qual já passei, saberá quem eu sou e também não peco ao falar que muitas dessas memórias que fazem parte de mim, zarparam no barco da minha vida sem qualquer permissão.
Há muitas dores que eu, por vezes, quero arrancar de mim, mas quando penso melhor, vejo que por mais lacerantes que estas sejam, serão sempre uma fonte de grande aprendizado. Pois não vivem dizendo que a vida nunca te dá um peso maior do que aquele que você consegue suportar?
E novamente, mesmo que tenham me trazido algum dissabor, elas continuam sendo partes lindas da minha colcha de retalhos, bem como partes de mim, da minha vida e da minha alma, que juntas formam uma história ímpar a qual eu escrevo na medida do possível.
Uma vez que a maioria dos textos tende a criar vida própria.
Uma linda história, sobre uma pequena criatura que não sabe nada da vida e sua inseparável companheira.
Sua brilhante e valiosa colcha de memórias.
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Não peco ao dizer que se olhar tudo pelo qual já passei, saberá quem eu sou e também não peco ao falar que muitas dessas memórias que fazem parte de mim, zarparam no barco da minha vida sem qualquer permissão.
Há muitas dores que eu, por vezes, quero arrancar de mim, mas quando penso melhor, vejo que por mais lacerantes que estas sejam, serão sempre uma fonte de grande aprendizado. Pois não vivem dizendo que a vida nunca te dá um peso maior do que aquele que você consegue suportar?
E novamente, mesmo que tenham me trazido algum dissabor, elas continuam sendo partes lindas da minha colcha de retalhos, bem como partes de mim, da minha vida e da minha alma, que juntas formam uma história ímpar a qual eu escrevo na medida do possível.
Uma vez que a maioria dos textos tende a criar vida própria.
Uma linda história, sobre uma pequena criatura que não sabe nada da vida e sua inseparável companheira.
Sua brilhante e valiosa colcha de memórias.
A menina
entrou na sala e fechou a porta com força, a respiração ofegante de alguém que
havia corrido por uns bons minutos. Encostou-se a porta, deixando o corpo
escorregar por esta mesma até que estivesse no chão. Respirou fundo, tirando os
óculos de armação negra e larga do rosto, a mão tremendo sofrivelmente e as
lágrimas que tanto segurara finalmente transbordando.
Suprimiu os
soluços dolorosos que tentavam irromper de sua garganta, não choraria daquela
forma, pensou. Não daria a ele exatamente o que ele queria. Podia estar
quebrada e magoada, mas seu orgulho se tornaria o pilar substituto que ficara
após a demolição de sua confiança.
As palavras
cruéis do outro ainda ecoando em sua cabeça como uma canção macabra, as risadas
dos amigos dele e o deboche estampado em seus rosto marcado a ferro em sua
memória. Nunca havia se sentido tão pequena e boba, tão idiota e
insignificante! Apertou a saia com força, a raiva por conta da humilhação
tomando conta de si de forma avassaladora. Berrou alto, sabendo que ninguém ia
lhe ouvir, por conta do isolamento acústico que a sala tinha.
Ergueu-se,
ainda sentindo suas pernas tremerem um pouco. No rosto, o rastro do lápis preto
que colocara de manhã apenas para parecer mais bonita. Fitou-se no espelho do
local, os olhos vermelhos, a maquiagem borrada e a boca inchada. Sorriu
amargamente diante da própria aparência, mas não se ateve ao fato, desviando
seu olhar para o piano negro que a sala continha.
Caminhou a
passos lentos até o mesmo, os dedos escorregando delicadamente por cada tecla,
enquanto um meio sorriso surgia em seus lábios. Sentou-se diante do mesmo,
tocando uma das teclas e apreciando o som que lhe trazia um pouco de paz.
Fechou os olhos, enquanto os dedos pareciam ganhar vida e passear por conta
própria sobre as teclas do piano tecendo uma melodia calma e melancólica.
Lembrou-se
dos últimos acontecimentos, a música se tornando mais forte, mais agoniada, as
teclas pressionadas com ainda mais força. Os dedos se movendo habilmente,
preenchendo a sala do som que trazia uma aquarela de significados. Jogou a
cabeça para trás, o ritmo guiando seu corpo e confortando sua alma, um sorriso
doce e calmo nascendo em seus lábios.
Imersa na
melodia, nem sequer ouviu quando a porta da sala foi aberta de supetão, fazendo
um alto barulho. O menino parou diante do piano, igualmente ofegante, sorrindo
ao notar a expressão serena no rosto da menina. Puxou uma cadeira e assim
ficou, admirando o quanto ela era bela daquela forma, o quanto ela parecia
forte e confiante enquanto estava atrás daquele piano!
Quando a
música finalmente findou, se entreolharam, não precisando das palavras para
entenderem tudo que havia acontecido. E ali mesmo, sem nem proferir nada,
firmaram uma promessa, enlaçando os dedos mindinhos com sorrisos calmos.
Quando o grande dia finalmente
chegou, ela não podia estar mais nervosa, as mãos tremendo e a voz ameaçando
falhar, mas ele, como sempre, estava ali para lhe tranqüilizar. Disse-lhe
palavras de conforto e lembrou-lhe de quanto trabalho haviam tido para chegar
ali, afirmando sempre que não iam desistir. Ela assentiu, sentindo um arrepio
quando seu nome foi chamado.
Subiu ao
palco, o vestido azul claro com alguns brilhantes reluzindo às luzes do palco.
Passou os olhos pela platéia por um momento só, notando o mesmo olhar debochado
de antes, mas encontrando logo em seguida o olhar cálido daquele que estivera sempre com ela. Que a impedira de cair no abismo, segurando firme sua mão.
Respirou
fundo quando as luzes se apagaram e deixou os dedos deslizarem pelas teclas
brancas. Sorriu e fechou os olhos, perdendo-se no ritmo que ela mesma criou,
enquanto sua voz ganhava espaço, abrindo as bocas de muitos que a assistiam,
inclusive as dele. Abstraiu todo o
universo a sua volta, cantando com seu coração e alma, lembrando de tudo que
acontecera, de tudo pelo que lutara e de tudo pelo que passara.
Aquele era seu
momento.
Terminou a
música apenas com sua voz, ouvindo a chuva de aplausos que caiu sobre ela assim
que luz novamente se apagou. Levantou-se, a emoção tomando conta de si e as
lágrimas querendo novamente sair. Reprimiu-as, não querendo borrar sua
maquiagem e apenas fez uma reverência, sentindo sua alma lavada ao olhar o
rosto tão conhecido agora com um olhar extremamente incrédulo, de alguém que
não acreditava no que tinha visto e de que se arrependera do que tinha feito.
Sorriu abertamente para ele,
piscando levemente para o menino do sorriso gentil
que se encontrava atrás de suas cortinas, murmurando um agradecimento
repleto de emoção.
Ali, naquele momento ao som dos
aplausos, não mais se sentia pequena e insignificante. Ali as palavras cruéis e
o deboche se tornavam ínfimos demais para serem notados e o pilar de sua
confiança era finalmente restaurado, feito de um material tão forte e resistente
que nada seria capaz de quebrá-lo novamente.
Ali, seu coração
quebrado, finalmente voltava a ser inteiro.
Dói, arde como os olhos após longas horas de choro intenso. Dói pensar em si mesmo como um estorvo, dói, tentar de todas as formas ajudar e nunca ser o bastante. Pesa sobre a alma a sensação de nunca estar fazendo certo. Dói não ser exatamente o que você queria, não te orgulhar tanto quanto eu gostaria, não ser forte que nem eu deveria ser, nem tampouco orgulhosa o suficiente.
Te juro que eu queria ser a melhor, mas nem tudo está ao meu alcance.
Dói ver você mal e não ser capaz de fazer nada, agonia e queima por dentro cada vez que eu penso nos números que tiram o teu sono todo final de mês. E a única coisa que eu posso fazer é pedir desculpas.
Desculpa por não ser a melhor, por não saber o que fazer, por chorar por qualquer coisa, por fazer as perguntas erradas nas horas erradas e por viver decepcionando você. Porque essa era a única coisa que eu não queria fazer. Mas não deu muito certo né?
Me desculpe por não ser como você esperava. Por não ser igual a você.
Me desculpe.
Me desculpe.
O título pode parecer inusitado, mas é exatamente sobre isso que eu vou falar hoje. Primeiro, permitam-me explicar melhor. Em março, a banda que eu amo com todo o meu coração vai estar completando 10 anos de estrada e então umas meninas se reuniram para mandar um scrapbook com várias mensagens e fotos e tudo mais. Até aí tudo bem. O problema maior consistiu no seguinte fato : O limite eram 10 linhas.
Antes que venham me crucificar, eu não estou criticando o limite de linhas. Acho até muito coerente ou entregaríamos rolos dentro de caixas ao invés de cartas. O problema é justamente esse: Sintetizar tudo que você sente por um ídolo em apenas 10 linhas.
Já comentei muitas vezes sobre o chamado "amor de fã" e continuo dizendo que é um sentimento poderoso e inexplicável. Inexplicável sim, porque muitos acham incabível que pessoas consigam amar outras que nem sequer sabem de suas existências. Eu também, mesmo sendo fã de coração, acho esquisito e não vou saber explicar esse sentimento. A verdade é que ele existe e que está aqui e que me faz suspirar e até ir as lágrimas só de ouvir uma música ou de ver algum dvd com show. E que não vai mudar.
Voltando ao tema principal, eu me deparei com esse desafio (Muitos vão dizer que eu estou sendo dramática demais, mas para mim foi difícil SIM) de sintetizar toda a gama de sentimentos diferentes que eu tenho por eles em 10 linhas. A questão é que só de imaginar que eles vão ler isso e que (por ser traduzido) vão entender, eu já fico trêmula e altamente insegura quanto ao conteúdo da carta. Não quero parecer uma retardada, fan-girl histérica sem nada na cabeça, mas morro de medo de ser essa a impressão que vou passar.
Por fim, me contive MUITO nas minhas palavras e me limitei a dizer o quanto admiro o trabalho deles e toda sua perseverança durante todos esses anos que não foram nada fáceis para eles, falando também o quanto me orgulho de comparar as músicas antigas com as novas e notar um enorme progresso. Disse, de forma comedida, que os amo como músicos e como pessoas (Mesmo que não os conheça direito) e estou rezando para que eles fiquem felizes com a minha carta porque eu, mesmo não os conhecendo pessoalmente, os considero muito.
E bom, eu precisava botar para fora esse bolo na minha garganta. Imagino se sou a única que tem um amor tão grande assim ao ponto de ter que se controlar para não ter nenhum surto histérico ao escrever uma mensagem que será lida por todos eles. É difícil, mas eu escrevi com o meu coração, mais ou menos tudo que eles representam para mim.
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Antes que venham me crucificar, eu não estou criticando o limite de linhas. Acho até muito coerente ou entregaríamos rolos dentro de caixas ao invés de cartas. O problema é justamente esse: Sintetizar tudo que você sente por um ídolo em apenas 10 linhas.
Já comentei muitas vezes sobre o chamado "amor de fã" e continuo dizendo que é um sentimento poderoso e inexplicável. Inexplicável sim, porque muitos acham incabível que pessoas consigam amar outras que nem sequer sabem de suas existências. Eu também, mesmo sendo fã de coração, acho esquisito e não vou saber explicar esse sentimento. A verdade é que ele existe e que está aqui e que me faz suspirar e até ir as lágrimas só de ouvir uma música ou de ver algum dvd com show. E que não vai mudar.
Voltando ao tema principal, eu me deparei com esse desafio (Muitos vão dizer que eu estou sendo dramática demais, mas para mim foi difícil SIM) de sintetizar toda a gama de sentimentos diferentes que eu tenho por eles em 10 linhas. A questão é que só de imaginar que eles vão ler isso e que (por ser traduzido) vão entender, eu já fico trêmula e altamente insegura quanto ao conteúdo da carta. Não quero parecer uma retardada, fan-girl histérica sem nada na cabeça, mas morro de medo de ser essa a impressão que vou passar.
Por fim, me contive MUITO nas minhas palavras e me limitei a dizer o quanto admiro o trabalho deles e toda sua perseverança durante todos esses anos que não foram nada fáceis para eles, falando também o quanto me orgulho de comparar as músicas antigas com as novas e notar um enorme progresso. Disse, de forma comedida, que os amo como músicos e como pessoas (Mesmo que não os conheça direito) e estou rezando para que eles fiquem felizes com a minha carta porque eu, mesmo não os conhecendo pessoalmente, os considero muito.
E bom, eu precisava botar para fora esse bolo na minha garganta. Imagino se sou a única que tem um amor tão grande assim ao ponto de ter que se controlar para não ter nenhum surto histérico ao escrever uma mensagem que será lida por todos eles. É difícil, mas eu escrevi com o meu coração, mais ou menos tudo que eles representam para mim.
Mordeu a ponta do lápis pela vigésima vez, fitando o papel rabiscado, as formas retilíneas se duplicando em seu olhar. Sacudiu a cabeça e tomou um pouco da água que comprara, o coração batendo a mil, tão rápido que poderia enfartar ali mesmo. Riscou mais uma vez a folha branca, notando como a linha saía tremida, como alguém que se equilibra em uma corda bamba, sem nunca achar um ponto fixo.
Suspirou novamente, o medo lhe subindo pela garganta, rastejando por sua pele e roubando-lhe a energia. Olhou para os lados, onde um menino rabiscava com traços firmes sua folha de papel, produzindo aquilo que ela chamaria de obra de arte. Se sentia como um peixe fora d’água e de repente, sem que percebesse os pensamentos que ela havia reprimido por tanto tempo assaltaram sua mente.
E se todos os desenhos fossem daquele nível? Se todos que ali se encontravam desenhassem infinitamente bem? O que poderia ela fazer com seus rabiscos tímidos e desenhos pequenos? Teria ela forças para lutar? Seu medo se tornando um gigante, ameaçando lhe pisar.
O medo ria em sua face, desdenhoso, enquanto se enroscava mais e mais em seus dedos, os movimentos parando pouco a pouco, a garganta secando e uma estranha vontade de chorar aparecendo nela. Estava entregue ao próprio desespero, amarrada por suas amarras invisíveis quando ouviu aquela voz. Acalme-se; Despertou de seu transe, olhando para os lados. Quem havia dito aquilo? Olhou para o papel novamente, as idéias antes trancafiadas voltando com força, um sorriso doce nascendo em seus lábios.
Quem estava rindo agora? Quem estava paralisado? Ela começou a balançar os pés, que não alcançavam o chão, animadamente, cantarolando uma de suas músicas favoritas. O menino ao seu lado lhe fitando com estranhamento. Ela apenas retribuiu o olhar e sorriu, virando de leve a cabeça para em seguida retomar seu desenho tímido. Podia ser tímido, mas era correto;
As pinturas produzidas ao seu lado não mais a assustavam e de repente o medo de tornou um garotinho desprotegido, que até uma pequena garota como ela poderia enfrentar. Sorriu novamente, fitando o medo encolhido no chão, tão pequeno e frágil. Ergueu uma das mãos, pronta para acabar com tudo, até que percebeu algo.
A mão antes erguida e fechada se abaixou, abrindo lentamente até que estivesse na frente do ser encolhido que olhou para a menina de forma curiosa, notando que uma aura dourada e forte a rodeava. Logo reconheceu a dona de tal aura, a coragem que lhe sorria espoleta, como uma criança que desafia a outra para brincar. Ergueu-se furioso, querendo gritar com aquela abusada que se achava melhor do que ele, e se deparou com um sorriso acompanhado de uma mão estendida.
Eu te aceito, disse a menina, porque você faz parte de mim e não existe a coragem sem o medo. O menino piscou algumas vezes, até olhar nos olhos da menina dourada e entender. Um precisava do outro para existir. Ainda com a expressão fechada, aceitou a mão e imediatamente a menina desenhista sentiu-se leve.
Abriu os olhos, fitando seu desenho de novo, a coragem crescendo em seu peito, quase como a alegria de uma criança e no fundo ela sabia. Coragem estava alegre, pois ela mesma havia superado seu medo, o aceitado e entendido que não devia ser dominada por ele. Que era ela quem estava no comando, por mais que ele existisse.
Porque coragem não era não ter medo e sim ser capaz de continuar andando mesmo que este tente lhe parar.
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Suspirou novamente, o medo lhe subindo pela garganta, rastejando por sua pele e roubando-lhe a energia. Olhou para os lados, onde um menino rabiscava com traços firmes sua folha de papel, produzindo aquilo que ela chamaria de obra de arte. Se sentia como um peixe fora d’água e de repente, sem que percebesse os pensamentos que ela havia reprimido por tanto tempo assaltaram sua mente.
E se todos os desenhos fossem daquele nível? Se todos que ali se encontravam desenhassem infinitamente bem? O que poderia ela fazer com seus rabiscos tímidos e desenhos pequenos? Teria ela forças para lutar? Seu medo se tornando um gigante, ameaçando lhe pisar.
O medo ria em sua face, desdenhoso, enquanto se enroscava mais e mais em seus dedos, os movimentos parando pouco a pouco, a garganta secando e uma estranha vontade de chorar aparecendo nela. Estava entregue ao próprio desespero, amarrada por suas amarras invisíveis quando ouviu aquela voz. Acalme-se; Despertou de seu transe, olhando para os lados. Quem havia dito aquilo? Olhou para o papel novamente, as idéias antes trancafiadas voltando com força, um sorriso doce nascendo em seus lábios.
Quem estava rindo agora? Quem estava paralisado? Ela começou a balançar os pés, que não alcançavam o chão, animadamente, cantarolando uma de suas músicas favoritas. O menino ao seu lado lhe fitando com estranhamento. Ela apenas retribuiu o olhar e sorriu, virando de leve a cabeça para em seguida retomar seu desenho tímido. Podia ser tímido, mas era correto;
As pinturas produzidas ao seu lado não mais a assustavam e de repente o medo de tornou um garotinho desprotegido, que até uma pequena garota como ela poderia enfrentar. Sorriu novamente, fitando o medo encolhido no chão, tão pequeno e frágil. Ergueu uma das mãos, pronta para acabar com tudo, até que percebeu algo.
A mão antes erguida e fechada se abaixou, abrindo lentamente até que estivesse na frente do ser encolhido que olhou para a menina de forma curiosa, notando que uma aura dourada e forte a rodeava. Logo reconheceu a dona de tal aura, a coragem que lhe sorria espoleta, como uma criança que desafia a outra para brincar. Ergueu-se furioso, querendo gritar com aquela abusada que se achava melhor do que ele, e se deparou com um sorriso acompanhado de uma mão estendida.
Eu te aceito, disse a menina, porque você faz parte de mim e não existe a coragem sem o medo. O menino piscou algumas vezes, até olhar nos olhos da menina dourada e entender. Um precisava do outro para existir. Ainda com a expressão fechada, aceitou a mão e imediatamente a menina desenhista sentiu-se leve.
Abriu os olhos, fitando seu desenho de novo, a coragem crescendo em seu peito, quase como a alegria de uma criança e no fundo ela sabia. Coragem estava alegre, pois ela mesma havia superado seu medo, o aceitado e entendido que não devia ser dominada por ele. Que era ela quem estava no comando, por mais que ele existisse.
Porque coragem não era não ter medo e sim ser capaz de continuar andando mesmo que este tente lhe parar.