Brave Heart

Posted by Carol Riff On 2.12.11 0 comentários
Mordeu a ponta do lápis pela vigésima vez, fitando o papel rabiscado, as formas retilíneas se duplicando em seu olhar. Sacudiu a cabeça e tomou um pouco da água que comprara, o coração batendo a mil, tão rápido que poderia enfartar ali mesmo. Riscou mais uma vez a folha branca, notando como a linha saía tremida, como alguém que se equilibra em uma corda bamba, sem nunca achar um ponto fixo.

Suspirou novamente, o medo lhe subindo pela garganta, rastejando por sua pele e roubando-lhe a energia. Olhou para os lados, onde um menino rabiscava com traços firmes sua folha de papel, produzindo aquilo que ela chamaria de obra de arte. Se sentia como um peixe fora d’água e de repente, sem que percebesse os pensamentos que ela havia reprimido por tanto tempo assaltaram sua mente.

E se todos os desenhos fossem daquele nível? Se todos que ali se encontravam desenhassem infinitamente bem? O que poderia ela fazer com seus rabiscos tímidos e desenhos pequenos? Teria ela forças para lutar? Seu medo se tornando um gigante, ameaçando lhe pisar.

O medo ria em sua face, desdenhoso, enquanto se enroscava mais e mais em seus dedos, os movimentos parando pouco a pouco, a garganta secando e uma estranha vontade de chorar aparecendo nela. Estava entregue ao próprio desespero, amarrada por suas amarras invisíveis quando ouviu aquela voz. Acalme-se; Despertou de seu transe, olhando para os lados. Quem havia dito aquilo? Olhou para o papel novamente, as idéias antes trancafiadas voltando com força, um sorriso doce nascendo em seus lábios.

Quem estava rindo agora? Quem estava paralisado? Ela começou a balançar os pés, que não alcançavam o chão, animadamente, cantarolando uma de suas músicas favoritas. O menino ao seu lado lhe fitando com estranhamento. Ela apenas retribuiu o olhar e sorriu, virando de leve a cabeça para em seguida retomar seu desenho tímido. Podia ser tímido, mas era correto;

As pinturas produzidas ao seu lado não mais a assustavam e de repente o medo de tornou um garotinho desprotegido, que até uma pequena garota como ela poderia enfrentar. Sorriu novamente, fitando o medo encolhido no chão, tão pequeno e frágil. Ergueu uma das mãos, pronta para acabar com tudo, até que percebeu algo.

A mão antes erguida e fechada se abaixou, abrindo lentamente até que estivesse na frente do ser encolhido que olhou para a menina de forma curiosa, notando que uma aura dourada e forte a rodeava. Logo reconheceu a dona de tal aura, a coragem que lhe sorria espoleta, como uma criança que desafia a outra para brincar. Ergueu-se furioso, querendo gritar com aquela abusada que se achava melhor do que ele, e se deparou com um sorriso acompanhado de uma mão estendida.

Eu te aceito, disse a menina, porque você faz parte de mim e não existe a coragem sem o medo. O menino piscou algumas vezes, até olhar nos olhos da menina dourada e entender. Um precisava do outro para existir. Ainda com a expressão fechada, aceitou a mão e imediatamente a menina desenhista sentiu-se leve.

Abriu os olhos, fitando seu desenho de novo, a coragem crescendo em seu peito, quase como a alegria de uma criança e no fundo ela sabia. Coragem estava alegre, pois ela mesma havia superado seu medo, o aceitado e entendido que não devia ser dominada por ele. Que era ela quem estava no comando, por mais que ele existisse.

Porque coragem não era não ter medo e sim ser capaz de continuar andando mesmo que este tente lhe parar.

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No.6 de Asano Atsuko

Posted by Carol Riff On 27.11.11 1 comentários
Bom, já que eu resolvi retomar as atividades antigas do blog, resolvi fazer uma resenha sobre um anime que eu vi recentemente, cujo mangá estou acompanhando. Então, sem mais delongas. NO.6 pra vocês :D


No.6 é uma história de ficção ambientada no ano de 2013, e conta a história de um menino chamado Shion, que vive na cidade "perfeita" criada pela humanidade, chamada "No.6". Shion, é um aluno com capacidade mental acima da média por isso vive numa área luxuosa chamada "Cronos". O problema é que em seu aniversário de 12 anos, por um pequeno deslize, o garoto acaba conhecendo um menino chamado Nezumi (Tradução = Rato) que é um fugitivo do reformatório. Diante da situação, Shion decide ajudá-lo e com isso perde todos seus privilégios, acabando por morar numa das áreas mais pobres da cidade trabalhando como uma espécie de "fiscalizador de parque".

Num belo dia, Shion e seu companheiro de trabalho (Que eu não me recordo agora o nome) se deparam com uma situação incomum quando um dos robôs de limpeza encontra um cadáver mais do que envelhecido que mais tarde é atribuido a um homem de 30 anos de idade. Shion não sabia, mas aquele incidente mudaria sua vida para sempre, virando de cabeça para baixo não somente sua situação de vida, bem como suas convicções acerca da cidade em que morava, levando-o a descobrir os segredos mais obscuros que são encobertos pelo pano da perfeição de No.6

Opinião Pessoal: Um anime interessantíssimo, cheio de personagens carismáticos e momentos de risadas que aborda situações delicadas com maestria. Um gráfico excelente e uma história extremamente delicada e bem bolada, vale realmente a pena ver, o que é facilitado pelo fato dele ser curtinho e ter apenas 12 episódios que deixam aquele gostinho de "Quero mais" sem deixar nenhuma ponta solta. Emocionante, me levou as lágrimas. Fala muito sobre amizade e sobre a pureza das pessoas. Totalmente recomendo. :D

E é isso ai meu povo, espero que tenham gostado e assistam mesmo porque vale SUUUPER a pena. Caso queiram baixar, podem encontrar nesse site aqui Yaoi Project BR (Apesar do site, No.6 não é considerado Yaoi)

E com isso eu encerro por aqui. Beijos ;*
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Eu gosto de meninos e meninas ♫

Posted by Carol Riff On 24.11.11 0 comentários
[Antes de começar a fazer o post, uma pequena atualização aos poucos que acompanhavam meu bloguinho lindo antes: Depois de muito confabular e me debater de vontade de escrever algo mais além dos meus contos pequenos, eu decidi que ia mudar o estilo do blog, introduzindo também posts com a minha opinião e coisas cotiadianas. Em suma, isso quer dizer que vão me ver mais por aqui haha. Agora sim, vamos ao post de hoje.]

Durante a semana, uma imagem postada no facebook trouxe uma certa polêmica em algum grau de intensidade, despertando também a minha atenção. E bom o título do post não está aí atoa né? A questão é sim sobre a homosexualidade (Homosexualismo se torna incorreto porque -ismo é um sufixo que tem a ver com doenças).

O fato é: Estava eu no meu facebook quando aparece uma imagem com fotos de dois homens e uma foto de duas mulheres com o título "Isso NUNCA será aceito por Deus" seguido dos dizeres "Com homem não te deitarás como se fosse mulher, isso é abominação" que deve ter sido retirado da bíblia católica ou algo do tipo (Me perdoem por ser leiga).

Eu não sou muito religiosa, ou melhor dizendo, não sou nem um pouco religiosa, mas tenho a minha fé, acredito nos meus santos e acima de tudo em Deus e ao ver essa imagem só pude pensar em uma única coisa :Pré-Conceito. Por que ao menos o Deus em que eu acredito não abomina ninguém por tentar ser feliz. Sim, feliz, pois estas pessoas como qualquer um de nós também buscam sua felicidade, que por algum acaso do destino é encontrada nos braços de um semelhante. Pra mim, pessoas se apaixonam por pessoas e não por seus gêneros.

Friso que essa é somente a minha humilde opinião mas eu realmente acredito que se uma pessoa não é feliz sendo hétero e é feliz com semelhantes, ela deve escolher esse caminho para sua vida, o que todos sabemos que não é fácil, pois se fosse, milhares de jovens inocentes, que não fizeram nada além de uma escolha que não afeta ninguém além deles mesmos, não morreriam espancados (Espancados! Por nada!)

Novamente, eu não consigo entender como as pessoas podem preferir um "amor hétero" que é forjado, fingido e que torna um ser completamente infeliz, pregando que se esse se entregar a um igual ele será jogado no fogo do inferno; Não faz sentido! Pelo menos para mim não faz! Eu com toda certeza prefiro ver duas mulheres ou dois homens felizes do que uma família tradicional (Politicamente correta para os padrões) onde ninguém consegue se entender e todos se odeiam. É isso que é abençoado? Infelicidade que gera infelicidade que torna a vida de uma pessoa um inferno? Isso me soa completamente hipócrita e sem nexo e é por esses e outros motivos que eu bato pé sim e que defendo não somente os homosexuais mas sim as pessoas que querem ser felizes.

Defendo sim as pessoas que enfrentam tudo e todos para buscar sua essência, para viver aquilo que desejam e sonhar.

Sejam eles meninos ou meninas. De corpo e de alma
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Autobiográfico ~ 08/10/11

Posted by Carol Riff On 8.10.11 1 comentários
Abriu as janelas com força, sentindo a brisa gelada que vinha acompanhada dos pingos da chuva forte que castigava a terra. A música tocando alta no quarto, ressoando em cada pequeno pedaço de sua alma, envolvendo-a e trazendo paz. Sorriu largo, nem sequer ligando para o fato da roupa começar a colar no corpo, a voz soando firme junto com a do cantor.
Havia tanta coisa errada em sua vida que ela nem sabia por onde devia começar a consertar. Tantos erros, tantas palavras estúpidas ditas e tantas guardadas. Tantas mágoas e sentimentos engaiolados que às vezes afloravam com força, levando-a às lágrimas... Tantos momentos que ela queria eternizar.

Olhou para si mesma enxergando aquele mesmo tom claro de azul... Queria tanto ser como as outras pessoas, feita daquelas cores quentes e vibrantes! Mas não podia. Quantas vezes não desejara poder mudar a si mesma, quantas vezes não pintara a si mesma de laranja, só para ver a tinta escorrer?

Sorriu de forma amarga, como quando fazia cada vez que queria se esconder. Sua pele lisa escondendo as cicatrizes de sua alma, que apesar de não serem muitas, haviam transformado e muito sua vida. Era quase estranho olhar para trás e se deparar com um sorriso inocente de uma menina de ingenuidade tamanha. Ainda era a mesma, mas o mundo a ensinara que nem todas as pessoas são boas.

Continuava tendo as mesmas manias, os mesmos ataques, chorando pelas mesmas coisas e tendo os mesmos medos. Continuava se sentindo culpada cada vez que era egoísta e continuava morrendo de medo do futuro incerto que sempre lhe esperava.

Medo, maldito medo que lhe segurava os tornozelos com força, impedindo-a de ir para frente. Mesmo medo que derrubava sua infantaria com um golpe, que transformava toda sua convicção em pó e que fazia de sua vida um grande terremoto. O mesmo medo que ela sabia ter de enfrentar, o mesmo com o qual ela sempre lutou...

Sentia-se muitas vezes deslocada, uma estranha no meio das pessoas, um pequeno patinho feio no meio de cisnes e a pequena ovelha negra da família. Amava demais e talvez por isso se doasse demais, arranjando muitas decepções no processo mas nunca aprendendo a amar menos. Se perguntava muitas vezes se as coisas poderiam ter sido diferentes e se havia algo de errado com ela;

Tantas perguntas, capazes de parar uma vida. Ergueu-se, os cabelos pingando e sorriu de modo inocente. Sabia bem de suas limitações e problemas, mas também tinha certeza de que não fora feita para desistir. Havia sobrevivido até ali, mantido as chamas de seu fogo, que por mais que vacilassem as vezes, acesas. Apanhando da vida e apenas aprendendo a como bater, pois sabia que quem desiste não nasce para vencer.

Podia cair e cair, mas seria estaria disposta a levantar.
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Shine a Light ~ 29/09/11

Posted by Carol Riff On 29.9.11 0 comentários
Dançava, a música alta entrando em cada um de seus poros, lavando sua alma, levando embora a tristeza que sempre carregava consigo. Movia-se na batida frenética, nem sequer prestando atenção no mundo ao seu redor. Os olhos fechados, um sorriso sereno e satisfeito no rosto; Estava em paz.
Era ali, naquele pequeno momento, entre tantas pessoas que a menina tímida, sempre escondida pelos óculos de armação grossa se tornava uma grande mulher. Era ali que ela se sentia feliz, com seu lápis preto e seu batom vermelho, com seu vestido favorito e o seu all-star já gasto.
As pessoas lhe fitavam, as mulheres invejando sua dança e os homens cobiçando-a, mas ela não se importava. Cantarolava suas letras favoritas e sacudia os cabelos pretos de um lado para o outro, quase como se quisesse lembrar que eles estavam realmente soltos.
Abriu um sorriso largo, o que será que a mãe diria se a visse daquele jeito? 
Riu alto; Certamente a mulher ia arrastá-la pelos cabelos até sua casa, lhe dizendo que não havia criado uma filha para tamanha humilhação. Ela simplesmente não entendia.

Finalmente, os olhos cerrados se abriram, fitando tudo e todos, sem no entanto fixar-se em ninguém. Caminhou lentamente em direção ao bar, pedindo um refrigerante qualquer, recebendo olhares curiosos por parte dos outros, apenas sorrindo como quem diz “O que foi? Nunca viu ninguém beber refrigerante não?”.

O barman sorriu para ela, já estava acostumado e conhecia aquela menina de longa data. Conhecia todos os seus lados, tanto a menina que vivia de maria chiquinha e livros nos braços quanto a mulher que dançava de um jeito simples que funcionava como imã aos olhos alheios. E amava ambos.

Ela simplesmente pegou o copo e sorveu um gole, notando uma pequena agitação por parte das meninas que se encontravam no meio da pista e deu de ombros sem nem virar o rosto em direção ao lugar. Continuaria bebendo suacoca-cola se uma silhueta grande não tivesse sentado ao seu lado.

A menina-mulher então, desviou suas orbes chocolate para o recém-chegado, sentindo o coração falhar em uma batida. Era ele, o dito cujo que a ignorava completamente quando ela estava com seus óculos grandes de grau alto.Ele sorriu, um sorriso branco e genuíno, mas ainda assim cheio de segundas intenções e ela retribuiu, ajeitando de leve os cabelos negros que havia saído do lugar.Ele então se ergueu, puxando-a pela cintura, trazendo-a para dançar consigo e ela apenas alargou mais o seu sorriso, dançando conforme a música pedia.
Lá pelas tantas, uma boca atrevida procurou a sua e ela simplesmente desviou o rosto, recebendo o beijo quente em sua bochecha, seguido de um olhar confuso por parte do garoto; Ela então sorriu largo, tirando os óculos garrafais de dentro de sua bolsa pequena e colocando no rosto, rindo sonoramente da cara de espanto que o outro fez para então virar-se para o barman, seu amigo de todas as horas e dar-lhe um beijo estalado na bochecha, vendo-o arregalar os olhos da mesma forma que o outro fizera.
Sorriu para ambos, piscando um olho e virou-se, caminhando daquele mesmo jeito cheio de suingue de volta para a saída. O coração leve e a alma radiante.

E a certeza de que vencera todas as barreiras de sua timidez.
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So don't look back on yesterday ♪ ~19/08/11

Posted by Carol Riff On 19.8.11 0 comentários
Eu certamente não sou a pessoa mais sábia do mundo, nem a mais madura delas para saber exatamente como lidar com algumas situações. Na verdade, eu me torno uma criança muito mais chorona do que deveria diante de algumas coisas...

Não sou muito boa com as palavras, e elas sempre me fogem quando eu preciso delas, sobrando-me apenas os gestos que nem sempre são compreendidos e nem sempre tem o efeito que eu desejava. A verdade é que na maioria das vezes meus gestos acabam soando muito mais triviais do que eu realmente desejava que fossem e eu nunca sei o que fazer quando isso acontece... Talvez eu deva me desculpar com todos por causa disso.

Todos nós vivemos sabendo que não vamos nadar sempre num mar de rosas e que as nuvens fofas podem se tornar espinhos rapidamente e que nem sempre as coisas vão dar certo como agente espera que dêem... Aliás, todos sabemos que elas vão dar errado uma penca de vezes antes de darem realmente certo, quase como se fosse “aquilo que deveria acontecer” mas não é esse “saber” que vai minimizar as coisas ruins que acabam vindo nesse momento... Nada pode minimizar, ou talvez o tempo possa fazer essas coisas sumirem pouco a pouco.
A dor existe, o sofrimento é opcional.
Existem aqueles que vão se deixar levar pela dor e aqueles que vão erguer a cabeça perante seu olhar debochado e vão rir, dizendo que logo não irão mais senti-la. Nunca é fácil, mas quase nunca vai se estar sozinho. Virar páginas sempre vai ser necessário porque como já diz o ditado “Quem vive de passado é museu”, e se por acaso essa página esteja muito pesada para se virar sozinho, sempre pode-se contar com as mãos amigas.
E é por isso que eu, nas minhas humildes limitações, nos meus gestos travados e nas minhas palavras não-ditas, escrevi esse texto e o dedico a todos àqueles que amo e prezo, dedicando em especial a um ser maravilhoso cheio das mais variadas qualidades que não cabe a mim descrever, pois assim como dito anteriormente eu não sou muito boa com consolos e então faço o que posso.

E com estas minhas palavras que eu digo que vou estar sempre aqui pra você pronta para passar a página com você, caso ela esteja muito pesada. Te amo tá?
Think of what could be if you rewrite the hole you play, and look back on yesterday. ♫
~19 de Agosto de 2011 - Dia do "Quero recomeçar minha vida"
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Próprio Eu ~18/08/11

Posted by Carol Riff On 18.8.11 0 comentários
Os dedos finos correram pela superfície do espelho, enquanto os olhos capturavam cada detalhe do rosto, as maçãs coradinhas, os olhos bondosos e o sorriso amigável e simpático de alguém que estava sempre disposto a ajudar.

Sorriu. Era linda como uma bonequinha de porcelana, os fios morenos lhe caindo em cachos pelos ombros, a pele branquinha e lisinha quase sem imperfeições e o vestido feito do tecido caro com as rendas delicadas que lhe davam um ar ainda mais angelical. Atraía todos os olhares por onde passava e sorria diante deles.
Acenava levemente para as pessoas que lhe admiravam. Moças tagarelavam sobre sua beleza e a invejavam por parecer tão perfeita. Um anjo sem asas que andava sobre a terra.

Continuava fitando o espelho, notando que aos poucos a imagem se tornava embaçada e distorcida, só percebendo do que se tratava quando a primeira lágrima lhe desceu pela face, correndo rapidamente pela bochecha levemente corada e morrendo no tecido que lhe tomava parte do pescoço. E depois dela, muitas outras vieram, levando consigo a maquiagem perfeita que ela havia feito ao se arrumar.

Sentiu os joelhos tremerem, incapazes de sustentar o peso do corpo que agora parecia pesar toneladas, caindo no chão e sujando o vestido claro que vestira. Os soluços altos preenchiam o quarto silencioso enquanto ela sentia uma mão invisível comprimindo-lhe a garganta e roubando todo seu ar. Sentia-se sufocar, sufocar naquela mentira toda, sufocar naquilo que não era, naquilo que tentara ser e não conseguira.
E foi então que o milagre aconteceu.
O “CRACK” feito pelo espelho a assustou, e ela se ergueu rapidamente, ainda a tempo de ver sua imagem refletida no espelho rachado que criava uma imagem ainda disforme de sua figura outrora perfeita. A imagem de uma máscara caindo. Atônita, ela observou os pedaços rachados do espelho caírem no chão, se transformando em milhões de cacos que não pareciam lhe acertar.

Revelando-lhe alguém.

Recuou alguns passos, assustada com o que estava “atrás” do espelho. A menina rebelde lhe sorriu, sacudindo os cabelos castanhos parcialmente tingidos de vermelho, fazendo as correntes presas à calça jeans surrada produzirem um som. Fitou-lhe atentamente por alguns instantes, o olho adornado por um lápis preto e a boca por um piercing negro e a menina empalideceu.

A figura lhe sorriu debochada, balançando a cabeça negativamente e a menina finalmente notou o quanto eram iguais. O assombro foi diminuindo, enquanto aquela versão dela mesma lhe estendia a mão, em um pedido mudo.
Liberte-se”
E ela, munida de uma força que nem sabia existir, sem qualquer hesitação, segurou a mão de sua “gêmea” vendo-a sorrir acenando positivamente.
Seja você mesma”
A menina acordou sobressaltada, olhando e volta e notando o mesmo espelho intacto, sem nenhuma rachadura. Ergueu-se fitando aquela mesma imagem de antes, agora com a maquiagem borrada e torceu a cara levemente. Não queria aquilo, não mais.
Sorriu debochadamente, assim como se lembrara de sua sósia, enquanto as mãos se guiavam para o cabelo, soltando a trança que prendia os fios morenos, deixando-os caírem livres por suas costas. Seus olhos passearam pelo quarto, notando a pequena tesoura esquecida sobre a mesa.

E a mente brilhou em uma idéia.
Tomou a tesoura entre suas mãos e rapidamente a enfiou no meio dos fios longos e uniformes, começando a picotar tufos de cabelo em diferentes direções, sorrindo mais e mais com cada pedacinho que caía no chão. Ria como uma criancinha.

Fitou o vestido que usava, pomposo e caro, mais uma vez colocando sua tesoura para agir, transformando a máscara em um belo acessório. Os risos altos preenchiam o quarto, e logo sua mãe foi ver o que estava acontecendo.
Quase tendo um infarto ao ver aquela cena.
Dentro do quarto, uma menina com cabelos picotados, blusas largas e calça jeans, sorria de orelha a orelha, terminando de retalhar a saia de seu vestido. Expurgando toda aquela sensação ruim que lhe tomava o coração sempre que se via no espelho. Destruindo aquela máscara que ela já estava farta de usar. Quebrando a parede de vidro que a separava de sua essência.
Libertando seu próprio eu.

18 de Agosto de 2011
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“Se você viver por cem anos, eu desejo viver por cem anos menos um dia, para que assim, não passe nenhum dia sem você”
Amigos, talvez seja um extremo clichê falar sobre eles, ainda mais no dia dos amigos; Sei que muitos vão pegar no meu pé e dizer que essa coisa de “ter vários” amigos não existe, que é tudo uma farsa, que cobrimos tudo com panos e não enxergamos a realidade, mas se quer realmente saber, eu não me importo com o que possam pensar.

A questão é que quando se é amigo de uma pessoa, você simplesmente sabe disso. Não são precisos dias especiais nem palavras bonitas para demonstrar isso, não são precisas declarações nem extravagâncias porque simplesmente se sabe. Amigos se entendem com um olhar, se consolam com um gesto e muitas vezes tornam as palavras desnecessárias.
Amigos são aqueles que se preocupam, que compartilham felicidade, mas que também compartilham tristeza, que estão ali para te levantar quando você cai. Que estão ali para sorrir e te estender a mão quando tudo parece ruim demais para se seguir. São aqueles que vão te magoar mas que você vai perdoar por eles simplesmente não fazerem por mal, são aqueles que vão discutir e te xingar quando verem que você está fazendo alguma coisa errada e que vão te repreender falando “Eu te avisei”. São aqueles que são diferentes mas que botam as diferenças de lado apenas pra ficar com você;
São aqueles que são sinceros mas que as vezes mentem dizendo um “Vai ficar tudo bem” que não é tão verídico assim apenas para acalmar alguém. São aqueles que passam pela sua vida e deixam uma marca profunda em você, são aqueles de quem você jamais vai esquecer.

Que sempre estarão com você.
A todos os meus amigos, irmãos que nunca me deixaram na mão e que estiveram sempre ali quando eu precisei. Love you all <3
Viveremos fortemente, somos jovens
Não estou sozinho
Animado eu avanço, porque depois disso,
Estarei eu com meus amigos sorrindo.
Best Friends ~ the GazettE
~20 de Julho de 2011
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Cansada do sapatinho de cristal ~18/07/11

Posted by Carol Riff On 18.7.11 0 comentários
Os soluços já não mais preenchiam o quarto pois até mesmo suas lágrimas haviam secado. Ergueu-se lentamente sentindo um arrepio quando seus pés descalços tocaram o chão frio de mármore. Frio como ela se sentia. Abraçou a si mesma arrastando-se até estar diante do espelho que aprendera a odiar. Levou a mão até a superfície refletora, acariciando a própria imagem, notando o quão igual e o quão diferente era dela própria.

Os olhos vermelhos, o batom borrado os cabelos desgrenhados e o visual sem nenhum cuidado. O quanto havia chorado? O quanto havia lamentado? Não sabia precisar, mas sabia que fazia bastante tempo que suas cortinas se mantinham fechadas, que fazia tempo que ela não saía... Por quanto tempo deixara de viver? E porque? Se enquanto ela se debulhava em lágrimas ele nem se importava?!

Aquela imagem não se parecia com ela. Aonde estavam o sorriso e olhar luminoso que todos tanto elogiavam?! Poderiam ter se perdido assim? Amara, sim, definitivamente o amara e se doara. Quase passara por cima de si mesma, ignorando todos os avisos de pessoas que lhe olhavam preocupadas. Todos eles sabiam. Ela sentia saber, mas preferia não acreditar, ou melhor, acreditar nele. E o que lhe restara? Apenas aquele vazio.

Pensara estar diante de seu príncipe encantado, mas após tudo ele acabara se revelando um sapo. Um sapo que roubara-lhe o coração e fora embora, deixando-a apenas com as lembranças e o rancor por tudo que acontecera.

Passou as mãos pelos cabelos, sentindo o quão sujos e embaraçados estavam e se perguntou como havia chegado naquele ponto. Como fora tão fundo naquele poço se tantos tentavam segurá-la? E foi ali, olhando no espelho, conversando apenas consigo mesma que tomou uma decisão, não procuraria mais pelo príncipe e não choraria mais pelo sapo.

Estava cansada e ficar esperando e se decepcionar. Estava cansada de procurar e não achar nada, de terminar frustrada e foi por isso que prometeu a si mesma que não mais se deixaria afogar naquilo tudo de novo, prometeu que ia se manter de pé, nem que tivesse que buscar forças em seu orgulho. Prometeu se tornar uma princesa independente e forte...

Que não precisa do príncipe para ter um final feliz.
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