Shine a Light ~ 29/09/11

Posted by Carol Riff On 29.9.11 0 comentários
Dançava, a música alta entrando em cada um de seus poros, lavando sua alma, levando embora a tristeza que sempre carregava consigo. Movia-se na batida frenética, nem sequer prestando atenção no mundo ao seu redor. Os olhos fechados, um sorriso sereno e satisfeito no rosto; Estava em paz.
Era ali, naquele pequeno momento, entre tantas pessoas que a menina tímida, sempre escondida pelos óculos de armação grossa se tornava uma grande mulher. Era ali que ela se sentia feliz, com seu lápis preto e seu batom vermelho, com seu vestido favorito e o seu all-star já gasto.
As pessoas lhe fitavam, as mulheres invejando sua dança e os homens cobiçando-a, mas ela não se importava. Cantarolava suas letras favoritas e sacudia os cabelos pretos de um lado para o outro, quase como se quisesse lembrar que eles estavam realmente soltos.
Abriu um sorriso largo, o que será que a mãe diria se a visse daquele jeito? 
Riu alto; Certamente a mulher ia arrastá-la pelos cabelos até sua casa, lhe dizendo que não havia criado uma filha para tamanha humilhação. Ela simplesmente não entendia.

Finalmente, os olhos cerrados se abriram, fitando tudo e todos, sem no entanto fixar-se em ninguém. Caminhou lentamente em direção ao bar, pedindo um refrigerante qualquer, recebendo olhares curiosos por parte dos outros, apenas sorrindo como quem diz “O que foi? Nunca viu ninguém beber refrigerante não?”.

O barman sorriu para ela, já estava acostumado e conhecia aquela menina de longa data. Conhecia todos os seus lados, tanto a menina que vivia de maria chiquinha e livros nos braços quanto a mulher que dançava de um jeito simples que funcionava como imã aos olhos alheios. E amava ambos.

Ela simplesmente pegou o copo e sorveu um gole, notando uma pequena agitação por parte das meninas que se encontravam no meio da pista e deu de ombros sem nem virar o rosto em direção ao lugar. Continuaria bebendo suacoca-cola se uma silhueta grande não tivesse sentado ao seu lado.

A menina-mulher então, desviou suas orbes chocolate para o recém-chegado, sentindo o coração falhar em uma batida. Era ele, o dito cujo que a ignorava completamente quando ela estava com seus óculos grandes de grau alto.Ele sorriu, um sorriso branco e genuíno, mas ainda assim cheio de segundas intenções e ela retribuiu, ajeitando de leve os cabelos negros que havia saído do lugar.Ele então se ergueu, puxando-a pela cintura, trazendo-a para dançar consigo e ela apenas alargou mais o seu sorriso, dançando conforme a música pedia.
Lá pelas tantas, uma boca atrevida procurou a sua e ela simplesmente desviou o rosto, recebendo o beijo quente em sua bochecha, seguido de um olhar confuso por parte do garoto; Ela então sorriu largo, tirando os óculos garrafais de dentro de sua bolsa pequena e colocando no rosto, rindo sonoramente da cara de espanto que o outro fez para então virar-se para o barman, seu amigo de todas as horas e dar-lhe um beijo estalado na bochecha, vendo-o arregalar os olhos da mesma forma que o outro fizera.
Sorriu para ambos, piscando um olho e virou-se, caminhando daquele mesmo jeito cheio de suingue de volta para a saída. O coração leve e a alma radiante.

E a certeza de que vencera todas as barreiras de sua timidez.
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