Vício.

Posted by Carol Riff On 18.9.13 0 comentários
Sou viciada, e como viciada me apresento. Como viciada, reconheço minha obssessão pelo cheiro, pelo toque, pela sensação que minha droga me dá. Como viciada, reconheço de forma humilde que quando começo, não consigo parar. Reconheço que sofro crise de abstinência, que penso quase todo o tempo em coisas que não deveria pensar. No papel de viciada, deito e durmo, e sonho, ah se sonho, com algo do qual era mais sensato me livrar.

Mas não se desesperem, eu não vou dizer a clássica frase do "Posso parar a hora que quiser" pois se pudesse sequer estaria escrevendo esse texto, sequer seria estaria compartilhando algo com alguém. O problema é que não desejo parar, é que gosto de minha droga, que a guardo em meu coração como uma dádiva preciosa, tem como ser pior?

Reconhecer-se drogada e apaixonada por sua droga? 
Qual lastimável isso pode ser?

Vocês devem estar se apiedando agora, certo? Pois não deviam. Sou plenamente feliz, acreditem. Não vendo minhas coisas para manter meu vício e apesar de certas vezes prejudicar minha saúde, não é nada que umas ataduras não resolvam.

Pois sou viciada sim, mas em escrever. Sou viciada, de corpo, alma e coração no cheiro do papel, na sensação da caneta entre os dedos, no barulho do teclado enquanto as letras se formam lentamente na tela, como agora mesmo está acontecendo. Sou viciada no poder de Deus que a mim é conferido cada vez que começo uma história, nos vôos aos quais submeto minha imaginação, que como criança arteira sorri e vai, sem nem se preocupar. Sou viciada no respirar fundo após a escrita, no expurgar dos sentimentos que escorrem em palavras, dão-lhe vida e dão-lhe morte. Sou viciada em escrever até, em meu ritmo íntimo encontrar um ponto final.

E mesmo que leia, grito para o nada, para os bytes vazios de uma página de web, para um caderno solitário que apenas eu sei entender. Deus! Como amo escrever!





Constatação que me surgiu quando, em um ônibus, vi-me desesperada pois havia esquecido meu costumeiro caderninho de escrita em casa e não havia papel nenhum a meu alcance que pudesse guardar com carinho minha idéia.

É, doente ou não. Sou viciada em escrever.
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