Autobiográfico ~ 08/10/11

Posted by Carol Riff On 8.10.11 1 comentários
Abriu as janelas com força, sentindo a brisa gelada que vinha acompanhada dos pingos da chuva forte que castigava a terra. A música tocando alta no quarto, ressoando em cada pequeno pedaço de sua alma, envolvendo-a e trazendo paz. Sorriu largo, nem sequer ligando para o fato da roupa começar a colar no corpo, a voz soando firme junto com a do cantor.
Havia tanta coisa errada em sua vida que ela nem sabia por onde devia começar a consertar. Tantos erros, tantas palavras estúpidas ditas e tantas guardadas. Tantas mágoas e sentimentos engaiolados que às vezes afloravam com força, levando-a às lágrimas... Tantos momentos que ela queria eternizar.

Olhou para si mesma enxergando aquele mesmo tom claro de azul... Queria tanto ser como as outras pessoas, feita daquelas cores quentes e vibrantes! Mas não podia. Quantas vezes não desejara poder mudar a si mesma, quantas vezes não pintara a si mesma de laranja, só para ver a tinta escorrer?

Sorriu de forma amarga, como quando fazia cada vez que queria se esconder. Sua pele lisa escondendo as cicatrizes de sua alma, que apesar de não serem muitas, haviam transformado e muito sua vida. Era quase estranho olhar para trás e se deparar com um sorriso inocente de uma menina de ingenuidade tamanha. Ainda era a mesma, mas o mundo a ensinara que nem todas as pessoas são boas.

Continuava tendo as mesmas manias, os mesmos ataques, chorando pelas mesmas coisas e tendo os mesmos medos. Continuava se sentindo culpada cada vez que era egoísta e continuava morrendo de medo do futuro incerto que sempre lhe esperava.

Medo, maldito medo que lhe segurava os tornozelos com força, impedindo-a de ir para frente. Mesmo medo que derrubava sua infantaria com um golpe, que transformava toda sua convicção em pó e que fazia de sua vida um grande terremoto. O mesmo medo que ela sabia ter de enfrentar, o mesmo com o qual ela sempre lutou...

Sentia-se muitas vezes deslocada, uma estranha no meio das pessoas, um pequeno patinho feio no meio de cisnes e a pequena ovelha negra da família. Amava demais e talvez por isso se doasse demais, arranjando muitas decepções no processo mas nunca aprendendo a amar menos. Se perguntava muitas vezes se as coisas poderiam ter sido diferentes e se havia algo de errado com ela;

Tantas perguntas, capazes de parar uma vida. Ergueu-se, os cabelos pingando e sorriu de modo inocente. Sabia bem de suas limitações e problemas, mas também tinha certeza de que não fora feita para desistir. Havia sobrevivido até ali, mantido as chamas de seu fogo, que por mais que vacilassem as vezes, acesas. Apanhando da vida e apenas aprendendo a como bater, pois sabia que quem desiste não nasce para vencer.

Podia cair e cair, mas seria estaria disposta a levantar.
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