simple thing.

Posted by Carol Riff On 12.11.13 0 comentários
Os pés descalços caminharam pela terra infértil, ouvindo o chão seco e sofrido estralar. Ao longo, podia-se ouvir o crepitar do fogo que terminava de consumir o que um dia fora uma árvore bonita e verde.  A menina fitou ao redor, sem conseguir mensurar até onde se estendiam os destroços daquela civilização.

Os machucados no corpo ardiam e o calor que turvava visões só fazia tudo piorar. Ela se sentia sozinha, andando no meio de uma cidade fantasma, com a roupa rasgada e os cabelos desgrenhados demais para pentear. Não restara muita coisa. Não havia porque pentear, no final das contas. Não havia motivo algum para se preocupar com aquilo.

O corpo fraquejava e ela deixou-se cair no chão formado por pedras e areia, sentindo a exaustão castigá-la com muito mais força do que podia suportar. Quando aquilo havia acontecido? Tudo havia sido tão rápido! Tão rápido a bela cidade havia virado pó! Tão rápido havia sumido naquela nuvem enorme e multi-colorida de poeira!

Ela se lembrava, de estar andando e de ter tudo, e de repente o tudo se transformar em nada, como um castelo de cartas que sucumbe a força dos ventos. Ela era a última carta. A última de muitas que haviam sucumbido. A última de muitas que queimavam e se perdiam entre os destroços, banhando-os com sangue e dor. Era desesperador. Ela não sabia para onde ir. Para aonde se vai quando lugar nenhum é lugar?

Ela fechou os olhos e deixou a imaginação voar. Sonhou com a grama verde e com rostos conhecidos e sorridentes, que haviam ido embora, sonhou com bichos e o canto dos pássaros, que haviam se perdido no crepitar do fogo, sonhou com sua casa, que não passava de pedaços no chão e por um segundo, apenas um segundo transportou-se para esse mundo bonito que criou, permitindo-se sorrir, feliz. Tão feliz que nem sentiu-se dormir e afundar, numa escuridão densa o suficiente para não voltar.

Tempos dois, quando a coragem se fizesse mais forte que a covardia, outras pessoas a encontrariam ali, no mesmo lugar aonde havia se deixado estar, com o mesmo sorriso que sorrira antes de deixar de estar naquele lugar. Com o mesmo sorriso provocado pela felicidade extrema que se permitira sentir.

Com a felicidade que criara, em seus últimos segundos, para guardar toda uma vida que não chegara a ser toda, que dirá a metade.





A felicidade está nos olhos e no coração de quem a vive.
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Saudade

Posted by Carol Riff On 4.11.13 0 comentários
Ainda é cedo amor, mal começastes a conhecer a vida...

Hey, minha velha, um ano passa rápido né?

O tempo voa mas a saudade se arrasta de forma dolorosa.
Se arrasta e se esconde, só pra voltar naqueles momentos em que detalhes não tão pequenos assim aparecem. E volta com força, corrói e não há nada o que se possa fazer. Pessoas boas vão embora o tempo todo mas a teoria é sempre mais bonita que a perfeição. A dor do outro é sempre mais fácil e não há hipocrisia em dizer que nenhum de nós quer sofrer mas que todos nós amamos. E quando se ama, há que se sentir saudade e sofrer.

Há que se sentir falta de coisas pequenas que na verdade eram enormes, que querer voltar à certos momentos que não voltam mais. Há que se ouvir uma música e sentir a presença daquela pessoa amada que não necessariamente era perfeita, mas que fez o seu melhor ou o que julgou ser.

Toda vez que eu ouço o samba do Cartola, vó, eu sinto sua falta. Sei lá porque, mas eu sinto a sua falta. Eu sinto falta da sua voz, das suas manias que me irritavam tanto, do Silvio Santos no Domingo a noite, das conversas da madrugada. Eu sinto falta do seu feijão maravilhoso, de jogar baralho com você, de ouvir você brigando com o Guma com vários nomes diferentes. Eu sinto falta do barulho da sua pulseira, da sua presença.

eu sinto sua falta, imensamente.

E o mais engraçado é que a ficha parece que não caiu ao mesmo tempo que caiu. Parece que você ainda tá viajando e que vai voltar a qualquer momento, mas não é verdade. Parece que foi ontem que tudo aconteceu e que não foi há um ano atrás.

As coisas mudaram, vó, a gente continua brigando porque a vida é difícil, e hoje eu durmo na sua cama. Eu olho pro meu quarto e lembro de você, eu olho pra qualquer lugar e lembro do seu "Você é louca! Mas é muito bom, né?" quando eu saí e só voltei de manhã. Eu lembro das suas objeções, das nossas brigas e das nossas desavenças. Lembro de você trocando de canal na hora do penalti pra não ver o Flamengo fazer gol e lembro de você batendo palma porque não podia gritar.

são coisas que eu não vou esquecer.

Eu lembro, e mesmo que eu não tenha sido a melhor neta do mundo, eu só quero que a senhora saiba, aonde quer que esteja que eu te amo, minha véinha cheia das manias e manhas. E eu sinto a sua falta, realmente sinto.

Obrigada por tudo e fica com Deus, vó.
Eu te amo, véinha. 
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Espelho

Posted by Carol Riff On 26.10.13 0 comentários
Todos os dias me escondo, mascaro-me, renego-me. Todos os dias maqueio-me por fora e por dentro, escondo meus medos, meu pior, minha inveja, meu fel, dentro dos meus sorrisos. Escondo meu cansaço debaixo de minha maquiagem, varro minhas inseguranças para debaixo do tapete de forma pífia, pois elas sempre voltam a me assombrar.

Todo dia, tento parecer o melhor de mim. Mesmo que o que me rodeie seja o pior.

Escondo-me atrás de minhas roupas, atrás de minhas atitudes, mascaro minha dor com as coisas simples, deixo longe de todos o meu pior e mais escuro lado. Todos os dias enfrento de cabeça erguida tudo, mesmo que por dentro seja consumida por mil e um fantasmas que jamais vão me abandonar.

Todos os dias, evito o espelho. Evito minha imagem refletida atrás do vidro. Evito minhas marcas, evito me encarar, evito porque sei que de todos os complexos, Narciso não é o meu. Evito-o porque ele e eu somos capazes de encontrar as rachaduras da armadura que construo ao meu redor. Pois é nele que me vejo, sem maquiagem, ao acordar. É nele que noto que mesmo a maquiagem não pode esconder certas coisas,  é nele que me vejo diante de mim.

E isso é aterrador. Aterrador porque não há ninguém além do espelho. Apenas eu. Apenas a minha imagem refletida. Não há ninguém que possa mudá-la se não eu. Ninguém que possa fazer da maquiagem permanente, ninguém além de mim. Ninguém pode curar as feridas, as rachaduras, as dores e o meu pior. Ninguém se não eu. E assusto-me porque sou tão forte quanto fraca, sou o atrás e o à frente do espelho. O que sofre e o que faz. E o responsável por fazer. Sou a responsável por tirar a máscara e por aceitar todo o resto. Sou o ser vivente na frente do espelho.

Todos os dias me olho no espelho.
Buscando por um dia em que fazê-lo me fará sorrir.
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Vício.

Posted by Carol Riff On 18.9.13 0 comentários
Sou viciada, e como viciada me apresento. Como viciada, reconheço minha obssessão pelo cheiro, pelo toque, pela sensação que minha droga me dá. Como viciada, reconheço de forma humilde que quando começo, não consigo parar. Reconheço que sofro crise de abstinência, que penso quase todo o tempo em coisas que não deveria pensar. No papel de viciada, deito e durmo, e sonho, ah se sonho, com algo do qual era mais sensato me livrar.

Mas não se desesperem, eu não vou dizer a clássica frase do "Posso parar a hora que quiser" pois se pudesse sequer estaria escrevendo esse texto, sequer seria estaria compartilhando algo com alguém. O problema é que não desejo parar, é que gosto de minha droga, que a guardo em meu coração como uma dádiva preciosa, tem como ser pior?

Reconhecer-se drogada e apaixonada por sua droga? 
Qual lastimável isso pode ser?

Vocês devem estar se apiedando agora, certo? Pois não deviam. Sou plenamente feliz, acreditem. Não vendo minhas coisas para manter meu vício e apesar de certas vezes prejudicar minha saúde, não é nada que umas ataduras não resolvam.

Pois sou viciada sim, mas em escrever. Sou viciada, de corpo, alma e coração no cheiro do papel, na sensação da caneta entre os dedos, no barulho do teclado enquanto as letras se formam lentamente na tela, como agora mesmo está acontecendo. Sou viciada no poder de Deus que a mim é conferido cada vez que começo uma história, nos vôos aos quais submeto minha imaginação, que como criança arteira sorri e vai, sem nem se preocupar. Sou viciada no respirar fundo após a escrita, no expurgar dos sentimentos que escorrem em palavras, dão-lhe vida e dão-lhe morte. Sou viciada em escrever até, em meu ritmo íntimo encontrar um ponto final.

E mesmo que leia, grito para o nada, para os bytes vazios de uma página de web, para um caderno solitário que apenas eu sei entender. Deus! Como amo escrever!





Constatação que me surgiu quando, em um ônibus, vi-me desesperada pois havia esquecido meu costumeiro caderninho de escrita em casa e não havia papel nenhum a meu alcance que pudesse guardar com carinho minha idéia.

É, doente ou não. Sou viciada em escrever.
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Embotado

Posted by Carol Riff On 24.7.13 0 comentários
Já sentiu dor? Tanta dor que se sentiu sufocar? Que sentiu a necessidade de gritar pro mundo o tanto que estava doendo? Já se sentiu inútil, imóvel, impotente? Já sentiu àquela necessidade de deitar, se encolher e apenas desaparecer?

Já cantou aquela música triste com lágrimas rolando pelos olhos? Já sorriu fingindo que tava tudo bem? Só para que ninguém percebesse que você tava mal? Já fez isso desejando que percebessem, que te dessem um abraço dizendo um "Vai ficar tudo bem" sem fundamento algum? Já se sentiu carente o suficiente para quer apenas um colo quentinho para chorar?

Já chorou por uma mistura de coisas tão grandes e loucas que sequer sabia dizer o que era? Já se sentiu invisível, sozinha, fraca? Um zero a esquerda, alguém com quem ninguém se importa? Já se sentiu engarrafada, escrevendo para libertar todo um conjunto de fantasmas que você não sabia como segurar?

Já sentiu a pressão absurda de sua própria depressão? Já teve o pensamento de querer sumir, desaparecer, pensando que ninguém ia se importar?

Ultimamente, tenho me sentido assim. Embotada, presa, triste e solitária. Tenho desejado um abraço, um sorriso, alguém que olhe pra mim e diga "Vai ficar bem, vem cá!", alguém que se preocupe que seja até chato e que esteja no meu pé. Que aguente minhas reclamações repetidas, meus dramas esquisitos, sem me julgar. Que mesmo sem saber tente me animar. Tenho desejado tirar forças de sei lá onde, desejado não olhar pro lado e me sentir injustiçada, desejado foco e esperança para seguir em frente. Tudo tem sido difícil. Mais difícil do que eu podia imaginar. Tudo tem sido complicado e a sensação de sufoco só vem aumentando, aumentando.

Hoje acho que já chorei todas as minhas lágrimas. Hoje estou no chão, meus braços curtos tentando me erguer, tentando levantar depois de mais uma grande porrada da vida. Me pergunto quando isso vai parar e não chego numa resposta. A vida é difícil, é árdua e as vezes eu mesma duvido que esteja fazendo a coisa certa, duvido que esteja tomando o caminho certo. Não dá pra saber, afinal.

Just the thought of another day
How did we end up this way
What did we do wrong?
God
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Grande Empreitada.

Posted by Carol Riff On 19.7.13 0 comentários
Me perco. Me acho. Me esqueço de mim para me encontrar. Me perco em desespero e do desespero faço flor, faço amor, faço dor. Da dor faço arte, força, esperança. Da esperança tiro forças para caminhar, para continuar, sem parar.

O tempo não para.

Choro, caio, levanto, me arrasto, mas faço o possível para não parar, estagnar. Do estagnado nada nasce, mas do estagnado algo renasce. Do renascer, do nascer de novo, do tentar outra fez, do se erguer. Das cinzas se faz a fênix, da fênix e se faz o vôo. E eu vôo, o mais alto que minhas asas podem me levar, tão alto quanto Ícaro, tão alto quanto puder, alto até minhas asas derreterem e se desfazerem, até cair novamente, até aterrissar, até voltar.

A realidade é dura.

Dura, difícil, incompreensiva, impermeável, irrefreável. É irreprimível mas ainda assim tangível e palpável, é dor, amor, sonho, ilusão, é o barulho do salto gasto contra o assoalho, os olhos se fechando ao final de um dia duro, é o passar pelo inferno e voltar. O eterno ciclo de renascer, a queima infinita, do fogo às cinzas, das cinzas à fênix.

É imprevisível.

E assustador, amedrontador, apavorador. É uma sombra escura que passa pela janela em um dia chuvoso, é o que te faz tremer e se esconder, é o medo entranhado na pele, nos olhos, na alma. Mas é também o prevalecer, é o encher-se de coragem, é o erguer da cabeça, o curar as feridas, o exorcizar o fantasma e o seguir. Sempre em frente, sempre.

É não linear.

E se perder, se achar. E fazer nascer no meio das nuvens um sol. É fazer da terra estéril uma flor nascer. É transformar a dor em arte, é deixar o desespero fazer parte, sem no entanto deixar-se engolir. É a grande empreitada de todos nós, a grande jornada para lugar nenhum que todos fazemos sem muito saber. É a incógnita infinita que se altera nas pequenas coisas, nos pequenos gestos, nos detalhes que passam despercebidos.

É amar, perseverar, apaixonar, dançar, voar. É perder, esquecer, ser, deixar de ser. Renascer, crescer, florescer. É cair, sumir, surgir, emergir, submergir. É viver, da melhor, com intensidade, com vigor, com amor. É ser o que se é, abrir os olhos para o mundo, é andar para o nada. Enfrentar o medo e os fantasmas.

Atirar-se a uma grande empreitada.
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Unbrekable ya know?

Posted by Carol Riff On 24.6.13 0 comentários

Fly with me cause I'm a Warrior, feel my Power, see my light cause I don't wanna be dark no more.
Move your head, move your soul, move it all along and don't take it slow, dance. Even if you fall keep running, cause when we fall we still have our dreams, we still have our sins, remember the memories of sunny and rainy day. Fight and win your our battles cause everyday I won mine.

U know? I'm kinda unbreakable 

Cause I'm always standing still, cause I'm always wanting to feel new. I'm always falling down, I'm always standing my ground. I'm always running to nowhere, with my broken wings that keep me flying that way. U know i'm unbreakable, even if I'm broken.

I got the power, I got the warnings, I'm taking the shots, one, two, three. I'm just trying to be. To my old fears I can only say goodbye, to the new I say hello cause I'm no hero I'm just a warrior. 

So no more pain, goodbye, goodbye, and no more cry, goodbye goodbye. I will have no mercy, if you're ready to feel put your hands in the air. 

I'm just a freakshow, I'm just someone nobody know, like a sad drama actor freezing on the snow. I'm just dancing in the floor, dancing in the life, dancing with a knife. I'm just dancing in the rain, just smiling without refrain. I'm lost on my own mind, I'm slave of my own sight. I'm not so brave.

I'm just a tired one, with the heart beating fast. I'm just tired of me, tired of be, tired of see. I'm just... I'm from zero... I'm just being punched in the face, help me if you can. I'm just the rebel one.

What can I do? What can I do? I only have one shot, one chance. I'm shouting my voice to the world ! I only have one chance, u know?

U know, I'm unbreakable one, U know? 
I can't lost myself, I can't loose myself.

Cause I know the pain I'm going through even when I close my eyes. Cause I feel the love around me, cause I feel everything that made me be.

Yes i'm hero, but still I'm from zero. I'm a Warrior, I got the Power, I'm unbrekable and all I can say is that

I remember.
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Paradise

Posted by Carol Riff On 9.6.13 0 comentários
Corria pelo campo florido, os pés descalços tocando a terra e a grama, os cabelos balançando ao sabor do vento. Sorria. Feliz como nunca antes. Sorria. Enquanto rodopiava e assoprava os dentes de leão , gargalhando com vontade quando a flor se desfazia em mil pedaços que voavam pelo ar. Se sentia livre. Maravilhada com todas aquelas cores e sons.

O olhar infante e curioso passeando por todos os lugares

               
                Ainda rindo, deixou-se cair no chão, apreciando o céu azul do seu pedaço de paraíso, tão colorido e musical. Observou as nuvens branquinhas e o céu azul fechando os olhos levemente com o pensamento de que poderia ficar pra sempre ali, e de fato poderia.
Sem perceber, caiu no sono, somente acordando muitas horas depois com um leve pingo gelado da chuva em seu rosto.

                Ergueu-se assustada, o céu agora cinza e trevoso e a música substituída pelo sons dos trovões que ribombavam, o que havia acontecido? Em um átimo a chuva veio forte, os pingos grossos e gelados caindo sobre todo o lugar, fazendo estrago.  Com frio, fitou as próprias mãos, percebendo com espanto que elas perdiam a cor, que lhes escorria como tinta. O que estava acontecendo?

                Com o coração martelando olhou em volta, sentindo os olhos marejarem ao notar que todo o lugar perdia sua cor, o brilho em seu olhar se apagando lentamente, a chuva levando embora sua felicidade infante e inocente. Porque aquilo estava acontecendo? As lágrimas se misturaram à água que vinha do céu, caindo sem parar enquanto ela perguntava para os céus porque as coisas tinham de ser assim?

Porque tudo não poderia ser bonito sempre?

                Por que justo com ela? Justo com seu lugar tão especial e bonito? O que ela havia feito de errado para que aquilo acontecesse? Chorou alto, a dor se espalhando por todo lugar. Sentia-se cinza, invisível, insignificante. A vida havia se tornado cinza. Caiu de joelhos, abraçando o próprio corpo, caindo lentamente até estar deitada na outrora verde grama, as lágrimas ainda abandonando seus olhos enquanto ela pedia baixinho para as coisas voltarem ao normal.

                Seus olhos fecharam-se lentamente, o coração cada vez mais devagar como se estivesse desistindo, a alma drenada sem que ela soubesse por quê. Até que tudo mudou. Em um novo átimo, num último piscar, seus olhos captaram a cor, se abrindo ávidos e desesperados e ela viu. Viu a borboleta azul que praticamente reluzia na paisagem cinza, parada imponente sobre um tronco, como se estivesse realmente se exibindo.

                Tirando forças não sabia de onde ela se ergueu, as roupas sujas de lama não fazendo nenhuma diferença. Algo dentro de si a compelindo a correr atrás do pequeno animal que agora voava em direção a um nada mais cinza que todo o resto. E ela não teve dúvidas, apenas começou a correr.

E correu, correu, correu. Os pés afundando na lama, se tornando mais pesados e difíceis, cada vez mais difíceis, o barro se agarrando aos seus pés tentando parar seu movimento enquanto ela apenas fazia mais força e se obrigava a ir a frente. Algo lhe dizia pra ir em frente. O pequeno animal voando logo à sua frente, embrenhando-se entre árvores e retornando, sem qualquer rumo.

A menina se sentia cansada, mas se recusava a desistir. Tinha que alcançar a borboleta! Por quê? Nem ela sabia explicar. O ar faltava e as pernas reclamavam, mas ela continuava com as mãos estendidas seguindo em frente, chamando a bela azulada que parecia executar uma dança no ar, com total leveza e graciosidade.

Demorou um tempo para que finalmente alcançasse o animal, pegando-a entre seus dedos trêmulos com cuidado para não lhe machucar, sorrindo ao ver sua cor azul brilhar. Fitou novamente o horizonte cinza que se estendia à sua frente e sorriu, notando que a chuva diminuía cada vez um pouco mais.

Nenhuma tempestade era infinita, certo?

                Ainda com o animal entre os dedos pôs-se a caminhar, a inocência deixada um pouco para trás enquanto ela apena sorria levemente, decidida sobre o que fazer. Quando o sol finalmente voltou a sair no céu ainda cinza, tocando sua pele de leve, ela tomou uma decisão. Uma que mudaria todas as outras.

Não gostava de cinza. E não deixaria as coisas assim.

                Com um sorriso travesso no rosto, soltou o animal, vendo quando este voou gracioso ao seu redor. Gargalhou novamente ao notar o estado de suas roupas e imaginou o estado de seu cabelo, levando a mão até o mesmo só para perceber que ele estava todo bagunçado. O que importava? Baixinho, assobiou uma música que gostava, dançando-a de olhos fechados. Os sons retomando ao lugar enquanto as cores pareciam voltar. Coloria o lugar com sua alma de volta.

Coloria de volta seu paraíso.

                Quando voltou a abrir seus olhos, nada parecia como antes. O cinza lentamente se transformava em cor e a música baixinha continuava tocando, como se aos poucos ganhasse força para voltar. Riu novamente, a risada ecoando por todo o lugar, reverberando dentro dela mesma e foi aí que ela finalmente entendeu.

Não importava se a tempestade levasse as cores do seu paraíso embora.
Ela sempre poderia voltar a colori-lo, bastava que estivesse disposta a cair e se levantar.


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The Pain I'm going through

Posted by Carol Riff On 28.4.13 0 comentários
Eu normalmente venho aqui com algum texto, alguma história que seja capaz de traduzir algo que eu estou sentindo, é prático e costuma ser o meu melhor momento de escrita, exatamente quando as coisas saem direto do meu coração, quando não preciso fingir que sinto coisas que não sinto ou me colocar no lugar de quem quer que seja pois afinal escrevo sobre o lugar que eu mesma sou capaz de ocupar. A questão é que as vezes, as palavras ditas de forma crua, sem estarem escondidas ou mascaradas são necessárias, e nesse momento eu preciso mais do que nunca externar isso para algum lado, mesmo que seja numa página abandonada pelo mundo, algo que ninguém lê. É preciso expurgar a dor que eu estou sentindo, nem que seja um pouco.

A verdade é que eu estou cansada, como um soldado que volta da guerra, como alguém que perde as esperanças aos poucos, uma peça metálica que perde seu brilho pouco a pouco. A diferença básica é que quando algo perde seu brilho logo se vê e o meu sofrimento está aqui, entalado dentro de mim, preso em um canto do qual eu não posso deixá-lo sair. O motivo? Simples. Já ouviu falar em 'efeito dominó'? Pois é, se um cai todos caem e teoricamente eu deveria ser aquela com maior resistência por ser  a mais nova mas curiosamente não sou feita do mesmo aço do qual minha mãe ou pai são feitos. Me sinto frágil como um metal qualquer, um fio de cobre que se dobra a qualquer coisa mas que ainda assim tenta se manter de pé.

Não é fácil e eu sinto como se a chama da minha esperança se apagasse mais e mais a cada dia. Eu tenho 19, mas a vida pesa sobre meus ombros como se eu fosse muito mais velha, ela me derruba e ri na minha cara e cada vez mais eu tenho menos força pra levantar. Menos força porque por mais fé que eu deposite na teoria de que "As coisas vão melhorar" elas não tem realmente melhorado. Na verdade, eu poderia dizer que elas tem piorado e nem toda 'união de família' que eu costumo me orgulhar parece ser efetiva. Vai lá tentar pagar contas com 'união de família' que você entenderá do que estou falando. Nós trabalhamos e trabalhamos e nada parece dar jeito, como se de uma forma louca ainda tivéssemos que passar por mais provações do que as que já tem aparecido em nosso caminho.

Me vejo ainda mais desmotivada ao notar pessoas reclamando de coisas simples enquanto eu desmorono por dentro. Ninguém tem culpa, afinal, do meu azar ou de tudo que acontece, mas dói pensar que um tanto de gente 'má' por aí vive bem enquanto eu e meus pais que lutamos com todas as nossas forças continuamos na mesma situação de merda. Andando pra lugar nenhum, com perspectiva de nada. Veja bem, eu amo meus pais, amo minha vida mas morro por dentro cada vez que vejo no olhar deles o nervoso por não saber como será o dia de amanhã.

Acima de tudo, eu tenho medo, medo de mim, da vida, de tudo que ainda vem por aí e que me sufoca só de pensar, de tudo que ainda vamos ter que enfrentar. Eu só queria que as coisas dessem um pouco certo, será que é pedir demais? Ter um pouco de conforto, só um pouco... Eu só sinto que não aguento mais dor, que não aguento mais a mim mesma, mesmo que ainda me mantenha de pé, segurada por algo que nem eu sei o que é. Só precisava dizer...

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Coming Home

Posted by Carol Riff On 2.3.13 0 comentários

Os passos hesitantes ecoavam pelo silêncio na noite, o vento gelado sacudindo a poeira que se acumulava no chão, quantos séculos fazia desde que havia estado ali? Limpou como pôde a sujeira do rosto, sentindo um frio na barriga ao qual já estava acostumado, mas do qual ao mesmo tempo tinha saudade. Era um calafrio bom que percorria sua espinha. 

Fechou os olhos, se arrependendo imediatamente ao ouvir o barulho das explosões e dos tiros, o cheiro do sangue -agora seco- invadindo suas narinas e trazendo a sensação de náusea de volta, sensação essa que ele suprimiu, faltava pouco... Tão pouco! 

Deu mais alguns passos, a janela acesa já sendo detectada por seus olhos, longe, quase no horizonte, mas estava ali, como a muito ele não via. As cartas que ela mandara firmemente seguras entre seus dedos sujos, que também seguravam às de seus companheiros. Tantas vidas perdidas. A dor e o horror voltando de uma vez só, fazendo seu corpo inteiro tremer e novamente ele suprimiu as lembranças que insistiam em lhe assombrar, faltava pouco...

Já podia ver sua casa quase toda agora e logo sentiu a vista embaçar, tantas emoções aflorando juntas que ele apenas não conseguia controlar. Esperara tanto! Orara tantas vezes aos céus para que estivessem bem! Olhara tantas vezes para as estrelas sonhando que um dia estaria entre eles novamente, entre as risadas infantis que tanto amava. Entre os braços delicados com que tanto sonhara. 

Temera tantas vezes que -assim como os companheiros- dele só restasse uma carta com meia dúzia de palavras que jamais seriam capazes de expressar o quanto sentia saudade de casa. Temera terminar morto, afogado em seu próprio sangue ou até mesmo louco, sufocado por sua moral que escorria pelo ralo cada vez que um gatilho era apertado. Era desumano, era doloroso e acima de tudo injusto. Só podia rezar e pedir a Deus para lhe perdoar.

Como afinal determinar o lado certo de uma guerra?

E quando finalmente estava diante de sua casa, deixou-se cair de joelhos no chão. As lágrimas rolando pesadas por seu rosto, a fraqueza que ele tanto escondera finalmente aparecendo, sugando-o. Suas forças esgotadas , sugadas pelos horrores da guerra. O sofrimento corroendo a alma já ferida enquanto a voz aumentava mais e mais, como um grito doloroso de uma mãe que perde seu filho.

E ela, -ah... que saudade dela!-  o ouviu.

Não soube como, nem porque, mas simplesmente ouviu-o, os pratos que carregava indo ao chão, o cachorro velho se levantando e começando a latir enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. Correu para a porta, abrindo-a sem mais demora, sentindo o chão voltar a estar sob seus pés novamente, pois há muito havia sido lhe tirado. 

Correu, novamente correu, com tudo que pode, as crianças berrando atrás de si e acompanhando seu passo enquanto ela simplesmente se jogava contra o corpo forte que se sacudia em soluços violentos e ela o agarrou, apertando-o contra si com tudo, as lágrimas agora rolando por seu rosto alvo que se sujava contra a pele dele. Não muito depois os lábios se encontraram, a saudade tornando o momento mágico, quase irreal. O amor que os unia crescendo tanto que poderia engolir o mundo.

Logo as crianças vieram, escondendo-se atrás dela, temerosas com o "estranho" sujo que sua mãe abraçava tanto tempo... Ele as fitou, e elas finalmente entenderam quem estava diante de si, jogando-se contra o homem sujo, quase atirando-o no chão. E ele não se importou... Abraçou-as com força, com a mesma força com a qual jurara voltar vivo, aquela mesma sofrível, desesperada.

Sentiu novamente os braços dela ao seu redor e sorriu de forma verdadeira, pela primeira vez depois de muito tempo, falando baixinho para os três que significavam sua vida:

"Depois de todo esse tempo eu estou voltando pra casa para vocês"

Porque não importava o que ele fizera, nem o que deixara de fazer, podia demorar o tempo que fosse, mas ele sempre voltaria para sua casa, para seu lar, para o lugar aonde seu coração escolhera morar.




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Kitto kawarazu aishiteiru

Posted by Carol Riff On 22.2.13 0 comentários


Esse é um texto diferente dos meus habituais. Não conta uma história, como os outros -Bom, talvez no final das contas acabe contando uma história, mas que é totalmente verídica e eu sou assumidamente uma personagem e...-, na verdade, eu o vejo como uma confissão, uma constatação que eu venho tendo faz tempo e da qual não posso simplesmente fugir.

Se a algum tempo atrás alguém me perguntasse se eu acredito em amizade virtual, eu responderia categoricamente que 'não', sem nem pensar duas vezes. Mas, se alguém me faz essa pergunta agora, eu me vejo simplesmente sem saber o que responder. Eu venho pensado muito nisso esses dias (Talvez eu esteja mais gay de tanto ouvir Angel, ou não, vai saber) e sou obrigada a dobrar minha própria opinião... A abrir um buraco por onde raras exceções passam porque venho sentindo coisas que jamais julguei sentir -As exceções mais maravilhosas que podiam me aparecer-.

A questão é que mesmo sem conhecer fisicamente eu fui fisgada, por uma das melhores pessoas que já encontrei na vida. E o que eu sinto é tão doido que eu nem consigo explicar direito. A vontade que eu tenho de me deslocar os milhões de quilômetros só pra abraçar ela é simplesmente insana e eu já perdi a conta de quantas vezes eu simplesmente quis chorar por não pode fazer mais nada além de digitar uma meia dúzia de palavras bonitas que apesar de expressarem minha opinião, jamais se comparam a um abraço.

É estranho, mas sempre que chego em casa e venho para o computador, espero encontrá-la, nem que seja para conversar por alguns poucos minutos, pra contar um pouco do meu dia e para ouvir do dela, pra ver se ela está feliz e ficar tranquila. É engraçado e talvez poucos entendam, mas toda vez que falo com ela, sinto o peito ficar quentinho, sabe? Aquele calor bom de quando você 'tá' com uma pessoa que você gosta?

E mesmo que o nosso 'estar' seja um tanto inusitado, ele me deixa feliz. Me deixa preocupada também, por ela ser simplesmente boa demais para as pessoas ao seu redor. Não no sentido de ser melhor que os outros -Não conheço ninguém, como julgar?- mas no sentido de ser bondosa, o tipo de pessoa que não faz mal a ninguém mas no entanto é julgada por ser quem é. E isso dói, de uma forma insana, em mim. Dói em mim não poder fazer nada, dói em mim não estar lá pra gritar com fulanas e outros que eles são uns idiotas porque estão deixando de conviver com uma pessoa maravilhosamente fantástica.

Fantástica sim, talentosa, esforçada e forte, mesmo que na maioria das vezes ela duvide disso, mas ela é. Puta forte. É um amor, uma menina de ouro que merecia muito mais amor. Que merecia todo o amor do mundo! Todo mesmo! Alguém que me deixa feliz com pouco, que mesmo sem saber me levanta quando eu estou simplesmente cansada demais para me segurar, mesmo sem saber você faz muito por mim -Além de quase me fazer chorar cada vez que faz uma declaração gay, que me deixa mais gay ainda. 

É a menina do sorriso gengival mais biito do mundo, alguém que eu admiro, do fundo do coração. Minha jóia de ametista com coração de ouro  Alguém porque quem eu cantaria mil raps em coreano -O que fica extremamente ridículo como já foi previamente comprovado-, por quem eu decoraria mil danças -Até aprenderia a dançar!-, por quem cataria mil conchas na areia e por quem eu venceria todas as minhas vergonhas só para mostrar o quanto você é especial. Te amo, de novo 




Ashita anata no kimochi ga hanarete mo
Kitto kawarazu aishiteiru
Ashita anata ni boku ga mienakute mo
Kitto kawarazu aishiteiru
I will walk together, the future not promised yeah
It keeps walking together, to the future in which you are
Cassis - the GazettE 
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