Embotado

Posted by Carol Riff On 24.7.13 0 comentários
Já sentiu dor? Tanta dor que se sentiu sufocar? Que sentiu a necessidade de gritar pro mundo o tanto que estava doendo? Já se sentiu inútil, imóvel, impotente? Já sentiu àquela necessidade de deitar, se encolher e apenas desaparecer?

Já cantou aquela música triste com lágrimas rolando pelos olhos? Já sorriu fingindo que tava tudo bem? Só para que ninguém percebesse que você tava mal? Já fez isso desejando que percebessem, que te dessem um abraço dizendo um "Vai ficar tudo bem" sem fundamento algum? Já se sentiu carente o suficiente para quer apenas um colo quentinho para chorar?

Já chorou por uma mistura de coisas tão grandes e loucas que sequer sabia dizer o que era? Já se sentiu invisível, sozinha, fraca? Um zero a esquerda, alguém com quem ninguém se importa? Já se sentiu engarrafada, escrevendo para libertar todo um conjunto de fantasmas que você não sabia como segurar?

Já sentiu a pressão absurda de sua própria depressão? Já teve o pensamento de querer sumir, desaparecer, pensando que ninguém ia se importar?

Ultimamente, tenho me sentido assim. Embotada, presa, triste e solitária. Tenho desejado um abraço, um sorriso, alguém que olhe pra mim e diga "Vai ficar bem, vem cá!", alguém que se preocupe que seja até chato e que esteja no meu pé. Que aguente minhas reclamações repetidas, meus dramas esquisitos, sem me julgar. Que mesmo sem saber tente me animar. Tenho desejado tirar forças de sei lá onde, desejado não olhar pro lado e me sentir injustiçada, desejado foco e esperança para seguir em frente. Tudo tem sido difícil. Mais difícil do que eu podia imaginar. Tudo tem sido complicado e a sensação de sufoco só vem aumentando, aumentando.

Hoje acho que já chorei todas as minhas lágrimas. Hoje estou no chão, meus braços curtos tentando me erguer, tentando levantar depois de mais uma grande porrada da vida. Me pergunto quando isso vai parar e não chego numa resposta. A vida é difícil, é árdua e as vezes eu mesma duvido que esteja fazendo a coisa certa, duvido que esteja tomando o caminho certo. Não dá pra saber, afinal.

Just the thought of another day
How did we end up this way
What did we do wrong?
God
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Grande Empreitada.

Posted by Carol Riff On 19.7.13 0 comentários
Me perco. Me acho. Me esqueço de mim para me encontrar. Me perco em desespero e do desespero faço flor, faço amor, faço dor. Da dor faço arte, força, esperança. Da esperança tiro forças para caminhar, para continuar, sem parar.

O tempo não para.

Choro, caio, levanto, me arrasto, mas faço o possível para não parar, estagnar. Do estagnado nada nasce, mas do estagnado algo renasce. Do renascer, do nascer de novo, do tentar outra fez, do se erguer. Das cinzas se faz a fênix, da fênix e se faz o vôo. E eu vôo, o mais alto que minhas asas podem me levar, tão alto quanto Ícaro, tão alto quanto puder, alto até minhas asas derreterem e se desfazerem, até cair novamente, até aterrissar, até voltar.

A realidade é dura.

Dura, difícil, incompreensiva, impermeável, irrefreável. É irreprimível mas ainda assim tangível e palpável, é dor, amor, sonho, ilusão, é o barulho do salto gasto contra o assoalho, os olhos se fechando ao final de um dia duro, é o passar pelo inferno e voltar. O eterno ciclo de renascer, a queima infinita, do fogo às cinzas, das cinzas à fênix.

É imprevisível.

E assustador, amedrontador, apavorador. É uma sombra escura que passa pela janela em um dia chuvoso, é o que te faz tremer e se esconder, é o medo entranhado na pele, nos olhos, na alma. Mas é também o prevalecer, é o encher-se de coragem, é o erguer da cabeça, o curar as feridas, o exorcizar o fantasma e o seguir. Sempre em frente, sempre.

É não linear.

E se perder, se achar. E fazer nascer no meio das nuvens um sol. É fazer da terra estéril uma flor nascer. É transformar a dor em arte, é deixar o desespero fazer parte, sem no entanto deixar-se engolir. É a grande empreitada de todos nós, a grande jornada para lugar nenhum que todos fazemos sem muito saber. É a incógnita infinita que se altera nas pequenas coisas, nos pequenos gestos, nos detalhes que passam despercebidos.

É amar, perseverar, apaixonar, dançar, voar. É perder, esquecer, ser, deixar de ser. Renascer, crescer, florescer. É cair, sumir, surgir, emergir, submergir. É viver, da melhor, com intensidade, com vigor, com amor. É ser o que se é, abrir os olhos para o mundo, é andar para o nada. Enfrentar o medo e os fantasmas.

Atirar-se a uma grande empreitada.
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